Dos dentes de leite à dentição definitiva

Afinal quando nascem os dentes de leite e quando fica completa a dentição definitiva?

Na escola, ninguém fala em outra coisa. Todos exibem janelinhas. Alguns comentam a chegada da fada do dente, que troca o dente de leite por um dinheirinho… ou um brinquedo tão sonhado. “A fase de troca dos dentes é um momento importante na vida da criança, uma prova concreta de que ela está a crescer”

A higiene dentária é um indicador importante da saúde da criança e deve sempre ser tido em atenção. A primeira dentição, também chamada dentição de leite, é constituída por 20 dentes, os quais surgem geralmente entre os 6 meses e os 2 anos e meio.

Habitualmente, os primeiros dentes a surgir são os incisivos inferiores centrais, seguindo-se os incisivos superiores centrais e laterais e, em seguida, os inferiores laterais, geralmente entre os 12 e os 14 meses estão presentes um total de oito dentes. Os primeiros molares nascem em média entre os 14 e os 18 meses, os caninos entre os 18 e os 24 meses e os segundos molares entre os 24 e os 30 meses. No entanto as crianças não são todas iguais e tanto há bebés em que o primeiro dente surge aos quatro meses como bebés em que este só aparece após o primeiro ano de vida.

É frequente o bebé babar-se abundantemente a partir dos dois meses de idade e levar as mãos à boca com muita frequência como que a coçar as gengivas. Isto não significa obrigatoriamente que estejam a surgir os primeiros dentes – muitas vezes os bebés babam-se muito desde os primeiros meses e podem ter os primeiros dentes só pelos oito ou nove meses! O que acontece é que o bebé tem um excesso de saliva que não consegue engolir por ainda não controlar os movimentos de deglutição – só quando começam a comer à colher é que aprendem a controlar esse movimento.

A erupção dentária causa geralmente dor por inflamação da gengiva. Daí que os bebés fiquem aliviados quando mordem as suas mãos, as do adulto, ou objectos de borracha preferencialmente se estiverem frios por terem estado no frigorífico. Os dentes só por si não causam febre mas o seu aparecimento coincide com uma fase em que a criança está mais sujeita a infecções – é a altura em que se verifica uma diminuição dos anticorpos que recebeu por via transplacentária e pela amamentação e, consequentemente, há uma diminuição da imunidade. Para além disso, coincide também com a idade em que a criança começa a estar mais exposta aos agentes infecciosos por frequentar a creche ou a ama. O mau estar provocado pelo aparecimento dos dentes manifesta-se frequentemente por irritabilidade, alterações do sono, falta de apetite e poderá coexistir febre que geralmente cede facilmente aos antipiréticos e é de curta duração.

Se o bebé estiver muito incomodado poderá ser aplicado um gel anestésico que dá um alívio transitório, mas, por vezes, tem de se recorrer mesmo a um analgésico em xarope ou supositório, como o paracetamol.

É frequente os dentes nascerem afastados uns dos outros o que é motivo de preocupação para os pais. Como os dentes de leite são mais pequenos que os definitivos, à partida esse afastamento não se irá verificar com a dentição definitiva. Outra questão que é muitas vezes colocada pelos pais refere-se ao freio do lábio superior que muitas vezes faz com que os dois dentes incisivos superiores centrais permaneçam afastados. Até esses dentes caírem não será necessário fazer nada e só teremos de nos preocupar quando ocorrer a mudança de dentição. No entanto, nas visitas de rotina ao dentista haverá certamente vigilância dessa situação.

E quando o dente não cai?

A fase da troca é variável de criança para criança. “Normalmente, os primeiros dentes de leite a cair são os da frente e embaixo (na mandíbula), chamados incisivos centrais inferiores. Depois, caem os mesmos superiores, num outro momento, os laterais inferiores, os superiores, os caninos inferiores, os molares inferiores, os molares superiores e, por fim, os caninos superiores. Todo esse processo é lento, acompanha o crescimento da criança até aproximadamente os 12 anos. O fator genético também é determinante. Às vezes, percebendo o histórico daquela família, verificamos que é normal as trocas ocorrerem mais tarde”.

Os dentes de leite têm tempo certo para ficar na boca da criança. Esse tempo é importante porque, além de permitir uma boa mastigação da criança, esses dentes preparam a arcada dentária para receber os permanentes, estimulando o crescimento ósseo das arcadas e da face como um todo.

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Dentição definitiva

Por volta dos 6-7 anos surgem os segundos molares que são os primeiros molares definitivos.

A dentição definitiva é constituída por 32 dentes e só está completa no adolescente ou adulto com a erupção dos dentes do siso, que acontece por volta dos 18 anos.

Higiene oral: Quando começar?

Nas consultas de saúde infantil os pais devem ser sensibilizados para manterem uma higiene oral adequada da criança – a higiene da boca é fundamental para que os dentes cresçam sãos. Nos bebés pequenos ainda sem erupção de dentes, as gengivas podem ser lavadas com uma compressa molhada evitando assim o crescimento de bactérias. Após a erupção do primeiro dente convém efetuar a escovagem com uma compressa, dedeira ou eventualmente uma escova macia, duas vezes dia, uma das quais após a última refeição. Pode usar um dentífrico que deve conter 1000-1500 ppm de fluoreto, e a quantidade deverá ser aproximadamente idêntica à unha do dedo mindinho.

A partir dos 2 anos entramos num período de autonomia progressiva da criança pelo que muitas querem lavar os dentes sozinhas. A capacidade para o fazerem adequadamente depende da sua maturidade e da destreza manual. Se a criança teimar em lavar os dentes sozinha, deixe-a fazê-lo, mas no fim insista em fazer uma “segunda ronda”, já que a escovagem dos molares geralmente não foi adequada.

Também é frequente que, a partir dos 3 anos, a criança se recuse a escovar os dentes – deixou de ser novidade e é mais uma rotina que pretende não cumprir. Costumo aconselhar os pais a fazerem do momento da lavagem dos dentes um momento de brincadeira – todos os elementos da família devem lavar os dentes e ao mesmo tempo aproveitar para se divertirem. Procure comprar uma escova a que a criança ache graça, com bonecos, com som, com cores vivas, e idealmente deixe-a ser ela a escolher a escova. Os dentes deverão ser escovados no mínimo duas vezes por dia, uma das quais antes de deitar.

Por volta dos seis anos começam a surgir os primeiros molares permanentes que, pela sua morfologia, imaturidade e dificuldade na remoção da placa bacteriana das suas fissuras e fossetas, são mais vulneráveis a cáries. Daí que exijam uma maior atenção no que se refere à sua escovagem. Os pais devem continuar a supervisionar a escovagem dos dentes – há muitas crianças que só conseguem escovar os dentes de forma adequada por volta dos sete-oito anos de idade.

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