A amamentação deve iniciar-se ainda na sala de partos e, se possível, na primeira hora de vida.
O contacto pele com pele entre mãe e bebé é o primeiro passo para que o recém-nascido comece a mamar. «O bebé fica aconchegado, tranquilo e estabiliza do ponto de vista respiratório, sugando a mama com mais facilidade».
Estudos demonstraram que a amamentação em exclusivo durante pelo menos três meses poderá evitar as gastroenterites nos bebés. Se amamentar durante pelo menos quatro meses, poderá reduzir o risco de o bebé contrair doenças respiratórias ou infecções dos ouvidos.
O leite materno é uma fonte de alimento completa, já que contém todos os nutrientes de que o bebé necessita – pelo menos 400 – incluindo hormonas e compostos de combate às doenças não incluídos no leite de substituição.
Extraordinariamente, a sua composição nutricional até se adapta às necessidades do bebé à medida do seu crescimento e desenvolvimento. E ainda, para além dos benefícios do leite materno no que toca ao desenvolvimento do cérebro e ao combate às infecções – características que nenhuma fórmula pode imitar –, a amamentação pode ajudar a criar uma ligação especial entre a mãe e o bebé. Quando amamenta, o seu filho delicia-se com o contacto da pele com a pele, com os mimos e com o colo. E a mãe também.
Frequência e duração das mamadas
A frequência das mamadas deve ser estabelecida pelo bebé, que após um mês já deverá ser capaz de fazer o próprio horário, sem rotinas pré-determinadas, isto é, sendo ele a solicitar quando lhe deve ser oferecida a mama e assim a estabelecer os padrões naturais de amamentação. «É natural que o bebé mame com frequência, sem grande regularidade de horário.
O aleitamento materno sem restrições diminui a perda de peso inicial, previne o ingurgitamento mamário, promove a secreção de leite maduro mais cedo e ajuda a estabilizar mais rapidamente os níveis de glicose do bebé», explica Manuela Ferreira. De acordo com a especialista, a duração de cada mamada também não deve ser rígida.
O tempo de cada mamada varia de bebé para bebé e de mãe para mãe, podendo oscilar entre 10 a 20 minutos. «O ideal é que cada mamada dure até que seja o bebé quem se solta espontaneamente da mama. Os bebés amamentados regulam-se a si mesmos, mamam o que necessitam em cada refeição».
É importante que o bebé esvazie a mama, pois o leite do final de mamada tem características diferentes do leite inicial. Se o bebé ficou saciado de uma só mama, na mamada seguinte deve ser oferecida a outra mama e, no caso de ter mamado as duas mamas, deve iniciar a mamada seguinte pela mama onde terminou.
Como saber se o bebé tem fome?
A insegurança e a preocupação com o bem-estar do bebé leva a que algumas mães tenham receio de que o seu leite não seja suficiente para alimentar o bebé, ou a assumir que o seu leite tem pouca qualidade porque o bebé chora mais do que habitual, quer mamar com mais frequência, ou demora mais tempo a mamar.
Contudo, normalmente este receio não se justifica, sendo apenas o resultado da falta de confiança. Manuela Ferreira, enfermeira, descreve os principais sinais que indicam que o bebé tem fome: «o bebé faz movimentos com os olhos; abre a boca; faz movimentos com a língua; franze o sobrolho; vira a cabeça à procura da mama da mãe; leva a mão à boca e suga-a».
Para confirmar que o bebé está efectivamente a mamar, a mãe deve constatar que a sucção é mais lenta, que o bebé enche as bochechas de leite e pode ouvi-lo a engolir o leite. Também são sinais de que o bebé está bem alimentado o facto de este urinar mais de seis vezes a cada 24 horas, e o aumento saudável de peso.
Até quando a amamentação exclusiva?
De acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o aleitamento materno deve ser exclusivo até aos seis meses de idade do bebé, sendo que até lá não é conveniente oferecer nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno.
Veja também:
Amamentação exclusiva dos 0 aos 6 meses.
Sabe quantas horas deve o seu filho dormir?
Problemas com que se pode deparar
Apesar de as mulheres amamentarem os seus bebés há séculos, nem sempre é tarefa fácil. Muitas mulheres enfrentam dificuldades nos primeiros dias. Nas primeiras seis semanas, altura em que as reservas de leite se estão a adaptar e o bebé está a aprender a mamar, poderá ter as seguintes dificuldades:
• Ingurgitação: peito demasiado cheio
• Mastite: inflamação da mama
• Mamilos gretados continua
O que tem de comprar
Terá de adquirir pelo menos dois soutiens de amamentação, já que estes providenciam o apoio extra de que os seus seios agora necessitam, já que estão mais volumosos do que o habitual. Estes soutiens apresentam colchetes ou fechos de abertura fácil, para quando precisar de amamentar.
Certifique-se de que estão equipados com estes fechos e que as abas abrem completamente. Se ficar exposta apenas uma pequena parte do seio, o soutien pode pressionar o peito e dar origem à obstrução dos canais. Será talvez melhor esperar pelo nascimento para efectuar esta compra, a fim de assegurar que o soutien assenta perfeitamente, embora muitas lojas disponham de funcionários formados para recomendar soutiens de amamentação a partir das 36 semanas.
Algumas mães constatam que o peito tem tendência para verter leite durante a amamentação. O choro de outro bebé ou o simples contacto visual com outro bebé pode estimular o fluxo do leite, por vezes em alturas inconvenientes. Certifique-se de que tem discos de amamentação em quantidade suficiente.
Orientações para o pai
A participação e envolvimento do pai deve estender-se ao apoio na amamentação, continuando a ser um pilar para a mãe, e um meio para criar laços que contribuem para a formação do vínculo entre pai, mãe e bebé, determinante no desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança. «O pai pode ter um papel ativo na amamentação, encorajando e incentivando a mulher a amamentar, mantendo-se sereno e ajudando a companheira a superar as dificuldades que possam surgir, assumindo outras tarefas com o bebé, como dar banho, trocar a fralda, substituir a mulher nas tarefas domésticas, ocupar-se dos outros filhos, entre outras tarefas».
Benefícios da amamentação para a mãe
- O aleitamento materno permite à mãe vivenciar o prazer da amamentação, sentir-se mais segura e menos ansiosa.
- Durante a amamentação produz-se ocitocina, uma hormona que ajuda o útero a regressar ao tamanho normal e a reduzir a perda de sangue após o parto.
- Estudos sugerem que há uma menor incidência de cancro da mama e do ovário, e de osteoporose, em mulheres que amamentam em exclusivo durante os primeiros seis meses após o parto.
Também irás gostar de: