A louça espera-me na pia, tem a roupa à espera na máquina para ser colocada no estendal, tem a mesa da sala cheia de migalhas de bolo de chocolate, tem o currículo que preciso actualizar, o emprego que tenho que conquistar. São as metas não cumpridas, os medos que ninguém entende. Tem a rua lá fora cheia, cheíssima, de julgamentos sobre a mãe que sou e que deixo de ser.
São as birras com que não sei lidar, as frustrações que preciso administrar, são as cobranças que chegam pelo correio e do olhar dos amigos. É o sorriso de olheira a olheira das noites em claro, é o cabelo preso porque não deu tempo de lavar. É a promessa de que amanhã eu faço e até hoje não fiz.
Ser mãe não é uma reclamação constante, é uma reciclagem completa! Todos os dias nós pegamos em todas as tentativas que falharam e tentamos descobrir onde foi que errámos.
Costumo analisar tudo o que aconteceu no meu dia para, assim, refletir comigo mesma que por baixo daquela capa de mãe eu ainda existo.
Embora ninguém perceba, embora a maternidade tenha me dado de presente uma capa da invisibilidade, eu ainda estou lá sustentando os meus ideais e as minhas ideias. E todos os dias, quando olho para mim mesma não fico desapontada com as falhas. Eu olho para mim mesma e vejo o quanto eu cresci, o quanto eu amadureci e o tanto que eu aprendi.
Sabem, antes de ser mãe era só eu e eu não era perfeita, então, não posso cobrar de mim algo que nunca fui. Ser mãe faz-me mais forte, mais corajosa e transformou-me num ser humano mais gentil que sabe que tudo é um processo, um passo de cada vez e logo estarei a correr novamente. E se tropeçar tudo bem, levanto-me e recomeço!
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Fonte: Mãesereimãe