Calma mamã, vai passar.

Você está louca para o seu bebé nascer. Não aguenta mais noites de insónia, ansiedade e aquele bando de gente perguntando para quando é.

A barriga que você achava linda já incomoda mais do que agrada, você não quer mais ir no hospital e ouvir que é para voltar para casa… E as dores? E essa bolsa que não estoira? E esse bebé que está a demorar para vir ao mundo??

Calma mamã, vai passar.

E quando a dor vem você não acredita que pediu tanto por ela. Agora só pode ser o bebé.
Chega ao ponto de que você vai para o hospital com a certeza de que ninguém vai te mandar embora hoje não!!!
Dói demais, dói tudo. Será que alguém pode tirar essa criança de dentro de mim???

Calma mamã, vai passar.

O bebé chega e é a coisa mais linda do mundo. Muito mais do que você jamais poderia imaginar. O amor é tanto que dói. E dói mais quando logo na primeira noite aquele bebé já chora e você não sabe identificar o porquê. Ele chora e você chora com ele.
Aqueles dois dias no hospital parecem não passar. Você só quer a sua casa e começar a sua nova história como mãe.

Calma mamã, vai passar.

De repente você se vê em casa com aquele novo serzinho.
Quando passa o momento de deslumbramento vem o choque. O que fazer com ele? Onde colocá-lo? No berço grande e afastado de você, na cama?

Porque ele chora tanto?? Não foi assim que eu imaginei. É muito mais difícil.
Como é que eu não sei o que ele quer?? Sou mãe, não sou?? Não deveria saber??
Trocando o dia pela noite? Não dorme de dia nem de noite??
Vai ser assim para sempre? Eu consigo??

Calma mamã, vai passar…

E quando você se da conta o seu bebé já senta, gatinha, já prova novos sabores e inclusivé já quer comer tudo o que vê pela frente.
Como foi que o tempo passou tão rápido??
Ele já brinca sozinho? E essa tal de ansiedade de separação?
É a mãe sair que o bebé chora?? Antes ficava com toda a gente, e agora só quer a mãe?
As primeiras palavras e os primeiros passinhos já estão logo ali.
Alguns medos continuam, desafios só aumentam…

Mas calma mamã, vai passar…

E ao mesmo tempo que isso é consolador, chega a ser também desesperador.

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Texto: Fernanda Vitiello