Escarlatina é uma reacção do organismo à toxina produzida pela bactéria Streptococcus pyogenes principalmente durante uma amigdalite ou dor de garganta.
A toxina desencadeia uma reacção inflamatória na pele, com típicas manchas vermelhas. Afecta principalmente crianças de 5 a 15 anos.
Após essa idade, os indivíduos adquirirem imunidade à toxina produzida pela bactéria. É uma bactéria extremamente contagiosa, e com apenas 12 horas de contágio, o indivíduo já pode transmiti-la, mesmo sem sintomas aparentes. Uma curiosidade: o nome da doença é devido à cor das manchas que são vermelho escarlate, daí o nome escarlatina.
Transmissão
A transmissão da escarlatina ocorre sobretudo através de fluidos expelidos pelo portador da bactéria. Assim, gotas de saliva, espirros, tosse, e até a respiração, irão provocar o contágio da bactéria para outra pessoa. A transmissão também ocorre através do contacto com objectos e utensílios contaminados pela bactéria, como por exemplo talheres, pratos, copos, e até, roupa e toalhas. Assim, torna-se fundamental, sabendo-se quem se encontra contaminado, que todos os objectos e roupa utilizados por essa pessoa sejam separados, de forma a impedir o contágio.
A mesma pessoa pode contrair várias vezes escarlatina, devido à formação de anticorpos específicos contra as exotoxinas pirogénicas. Os pacientes com imunidade anti-bacteriana específica contra um tipo de estreptococo (com ou sem imunidade antitóxica) estão livres de contrair a doença. Os pacientes sem imunidade bacteriana específica (mas com imunidade antitóxica) podem ser contaminados, e os pacientes sem nenhum dos dois tipos de imunidade podem ser contaminados tanto com faringite e escarlatina.
Sintomas
Depois de estar contagiado, a doença irá manifestar-se através de vários sintomas. No entanto, esse período não é definido, variando de pessoa para pessoa. Assim, tanto pode aparecer febre passadas apenas algumas horas, como passados alguns dias. Há até casos onde demorou até 10 dias até os sintomas se manifestarem.
Os sintomas irão dividir-se em dois grupos. Existem um conjunto de sinais que irão aparecer mais próximo do momento do contágio, sendo os primeiros sintomas, e há ainda um conjunto de complicações, numa fase mais avançada da doença, provocadas pelos primeiros sintomas.
Veja também:
Sintomas iniciais
– febre (superior a 38,5ºC);
– dores de garganta;
– falta de apetite;
– dores musculares;
– sede;
– enjoo e vómitos;
– dificuldade em engolir.
Sintomas que aparecem com o evoluir da escarlatina
– descamação e vermelhidão na língua (língua vermelha) e na pele;
– Manchas de Forchheimer ou sinal de Forchheimer (Presença de pequenas manchas vermelhas, fugazes no palato mole);
– pele áspera;
– aparecimento de feridas em vários locais do corpo, nomeadamente no pescoço, zona torácica, nos cotovelos, e também nas virilhas. Se a doença continuar a evoluir, essas feridas irão espalhar-se por todo o corpo;
– aparecimento de pontos vermelhos de pequena dimensão na parte final do céu-da-boca.
Característica das erupções cutâneas:
A erupção é o sinal mais evidente da escarlatina. Geralmente começa parecendo uma queimadura grave, que dá vontade de coçar. Normalmente aparece primeiro no pescoço e rosto, muitas vezes deixando a área afectada esbranquiçada ao redor da boca. Em seguida, espalha-se para o peito e costas, e finalmente, para o resto do corpo. Em pessoas com a pele muito escura, as estrias podem aparecer com uma cor ainda mais escura do que o resto da pele.
A erupção é vermelha com textura áspera, e fica esbranquiçada sobre pressão. A erupção aparece 12 a 72 horas após a febre. Geralmente começa no peito, axilas e atrás das orelhas, mas também pode envolver a virilha. O rosto fica muitas vezes com as bochechas vermelhas e uma zona pálida muito característica ao redor da boca, conhecida como palidez perioral (palidez peribucal), um achado clínico conhecido com o nome de “sinal de Filatov“.
A erupção cutânea é ainda pior nas dobras da pele, (por exemplo nas dobras dos braços (axilas) e virilha). Este exantema (erupção cutânea que ocorre em consequência do sarampo, da escarlatina, etc, durante a fase inicial) intensifica-se, formando as estrias vermelhas, conhecidas como linhas de Pastia, sinal de Pastia, ou sinal de Thompson, que podem deixar marcas que podem persistir mesmo após o exantema ter desaparecido por completo.
A erupção pode também espalhar-se e cobrir a úvula palatina(situada na parte posterior da boca), vulgarmente conhecida como campainha, goela ou sininho, dada a sua semelhança.
A erupção começa a desvanecer e a descamar (tal como após um peeling) três a quatro dias após o seu início. “Nesta fase (3 a 4 dias após o seu início) começam a cair os primeiros pedaços de descamação do rosto. A descamação nas palmas das mãos e ao redor dos dedos ocorre apenas cerca de uma semana mais tarde.” Também ocorre descamação nas axilas, virilha e nas pontas dos dedos das mãos e dos pés.
Se a escarlatina não for tratada e curada, a doença pode evoluir para um quadro clínico que inclui hemorragias em vários locais do corpo, nomeadamente nos intestinos, estômago e baço, e ainda, integra convulsões, inflamação nos rins, infecção nos tímpanos e dores nas articulações.
Tratamento
À excepção da ocorrência de diarreia, o tratamento e o curso da escarlatina é igual ao de uma simples garganta inflamada.
Quando a escarlatina ocorre devido a uma infecção na garganta, a febre geralmente desaparece dentro de 3 a 5 dias, e a dor de garganta passa logo depois. A infecção em si geralmente é curada com um curso de 10 dias de antibióticos, mas pode demorar algumas semanas até as amígdalas e os gânglios, quando inchados, voltarem ao normal.
Ou seja, o tratamento da escarlatina é bastante simples e eficaz. Basta apenas aplicar uma injecção intra-muscular de penicilina (antibiótico natural) no paciente, e durante os 10 dias seguintes, tomar penicilina via oral. Em casos mais avançados, poderá ser necessária mais que uma injecção. Contudo, há alguns casos de pessoas que têm alergia a este antibiótico (penicilina), e como tal, nessa situação deverá consultar o seu médico, que irá prescrever um tratamento alternativo.
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