Quando a ansiedade toma conta de nós.

Sim! A ansiedade toma conta de nós muitas vezes.

Todas nós temos os nossos dias menos bons e uma das coisas mais comuns é descarregar-mos as nossas frustações noutras pessoas, normalmente em quem nos é mais próximo. Se isto já acontecer com vocês mamãs saibam que não são as únicas, somos mamãs, não somos seres perfeitos.

Este texto é um desabafo bem real de uma mãe que lida com a sua própria ansiedade e raiva. Afinal não é só connosco que acontecem coisas destas. Vale a pena lerem!

Esta manhã, passei alguns minutos a tentar abrir um pacote de sabonete para levá-lo para o meu chuveiro. Eu sentia a minha pressão sanguínea a subir; por que ninguém mais consegue ver que precisamos de um novo sabonete? Por que esse embrulho é tão ridículo? Eu não tenho tempo para usar um sabonete que é muito difícil de abrir.

Era só um sabonete, mas eu senti o peso do mundo para abrir aquele maldito pacote. Eu estava chateada. Senti a raiva a crescer dentro de mim. Este é apenas um pequeno exemplo do que a minha ansiedade faz comigo diariamente.

Desde que me tornei uma mãe, tem sido uma batalha contínua para combater a raiva que sinto em torno da maternidade e as responsabilidades que acompanham a gestão de uma casa. Não é incomum dar comigo a refilar, gritar e, às vezes, quando as coisas ficam realmente dificeis, faço com que todos ao meu redor se sintam miseráveis.

Ninguém quer uma mãe irritada e, certamente, eu não quero ser uma mãe irritada também.

A culpa que acompanha os meus sentimento de frustração e raiva, às vezes, parece ser demais para suportar. Às vezes, eu pergunto-me se realmente estou bem para assumir este papel, a maternidade. Muitas vezes, pergunto-me se os meus filhos ficariam melhores com alguém que não tem algo tão típico quanto a uma criança que não consegue encontrar os seus sapatos e transforma isso numa espiral de frustração, que leva a palavras irritadas, emoções, ansiedade e raiva.

Eu queria que eles não me vissem a chorar muito depois de ter dito algo que eu realmente não tinha a intenção de dizer; ou ficar irritada com coisas simples quando, na verdade, eles estão apenas a aprender sobre o mundo ao seu redor, não estão a tentar, de todo, tornar a minha vida miserável.

Eu gostaria de não ter que pedir desculpas por estar zangada e pedir perdão às pessoas que mais importam para mim neste mundo.

Eu fico a imaginar o que é ser relaxada, calma; não ter que cozinhar todas as noites, o que me deixa ainda mais ansiosa e stressada, aí acabo por reagir exageradamente com todas as pequenas coisas ao meu redor.

A ansiedade não é só sobre stresse e ataques de pânico. Para mim, muitas vezes é sobre ser tão stressada com todas as minhas responsabilidades que não consigo ver direito – e o resultado é frio, irritado, palavras amargas, e muitos pedidos de “desculpa”.

Quando estou no calor do momento, é quase impossível de manter o auto-controle. As palavras irritadas saem mais rápido do que eu penso. Isso acontece porque o meu cérebro está a funcionar em excesso de velocidade, constantemente percorrendo uma lista de tarefas que a maternidade exige de mim. As menores coisas acabam por me deixar louca da vida.

Uma pessoa irritada e ansiosa, muitas vezes, acorda às 4 da manhã com uma lista mental de tudo o que precisa ser feito no dia, porque, certamente, a lista não saiu dos meus pensamentos durante toda a noite, o que faz com que eu comece o meu dia de mãe já exausta e cansada. A fadiga deixa-me louca, e eu preocupo-me com o fato de ter passado mais um dia com raiva sem nenhum motivo real, exceto pela minha própria ansiedade.

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Estou cansada!

Quando era criança, eu morava numa casa que muitas vezes me deixava desconfortável e nervosa. Essa é a última coisa que quero para os meus filhos! Eu quero que eles saibam que a sua mãe é um porto seguro, que os entendo e que uma tigela de cereais derramada não fará com que eu exploda de raiva. O meu coração parte-se quando vejo os meus filhos olharem para mim a pedir que eu não perca a cabeça por um motivo qualquer. É doloroso vê-los preocupados com a minha raiva.

É doloroso ter que reconhecer que esta é uma realidade na nossa casa.

Eu quero que a minha família saiba o quanto os amo. Eu quero que eles saibam que, quando estou a agir como uma completa idiota, não é porque estou zangada com eles. De fato, às vezes o que eu mais preciso naqueles momentos de raiva é de compaixão, um abraço ou algumas palavras gentis. E, para a minha sorte, os meus filhos são bons a perdoar!

Gostaria de explicar que quero tanto dar-lhes o mundo – e só esse fato já me deixa stressada, ansiosa e oprimida. Aqueles meus pequenos merecem o melhor. Eles merecem uma mãe que não se irrite com o leite derramado, que não precise de terapia e medicação para passar por um dia típico com uma criança.

Mas uma coisa que eu percebi é que, quando você está no fim da crise de raiva e ansiedade, é difícil fazer o que muitas vezes é necessário. Se você ama uma pessoa irritada e ansiosa, muitas vezes você acaba afastando-se ou evitando-a em alguns momentos. Não posso dizer que culpo as pessoas da minha vida quando fazem isso. Eu também não gostaria de estar no lugar dela.

O que eu realmente quero que as pessoas saibam é que, por trás da raiva, há muita tristeza também. Tristeza em não poder controlar isso, magoando aqueles a quem eu nunca faria algum mal. Eu não estou a tentar usar desculpas por ser idiota, apesar de parecer.

E, com a tristeza, vem o profundo desejo de corrigir isso, mesmo que às vezes não sintamos que podemos.

Mas estou a fazer todas as coisas certas para tentar superar a minha raiva e alguns dias são melhores do que outros! Uso os exercícios que aprendi na terapia e tomo remédios que realmente me ajudam. Eu tento ser mais uma mãe dos “sim” e deixo para lá muitas coisas que desencadeiam a minha ansiedade.

Aprendi a abraçar dizendo “desculpa-me” e reconheço que há muita paz em descobrir a sua própria verdade. A minha verdade é que a minha ansiedade me deixa com raiva e desconto nas pessoas que mais amo. Tenho a sorte de eles estarem dispostos a perdoar-me uma e outra vez. Eu só espero que eu possa aprender a perdoar-me também.

Fonte: Scarymommy