Mãe ensina pergunta mágica para acabar com o chilique dos filhos

Os “chiliques” fazem parte do crescimento de uma criança e podem causar muita dor de cabeça aos pais se não forem compreendidos como uma fase de aprendizagem e adaptação. A jornalista Fabiana Santos descobriu uma “fórmula mágica” que nada mais é do que uma maneira respeitosa de falar com a criança, que acabou com a birra da filha mais nova, Alice.

Tudo começou com uma nova fase na vida de Alice, a alfabetização. A menina estava muito nervosa, ansiosa e afirmava constantemente que não conseguiria acompanhar as primeiras semanas na escola.

“Esse comportamento acabou se desdobrando em casa: ela aumentou as situações de fazer drama para qualquer coisa, mesmo as mais simples”, escreveu a mãe.

Probleminha, problema ou problemão?!?

Por indicação da escola, procuramos uma psicóloga infantil para algumas sessões, para que a Alice pudesse falar sobre o que estava a sentir e assim as coisas poderiam acalmar.

A psicóloga Sally Neuberger  explicou que precisamos fazer a criança sentir-se respeitada, no sentido de darmos valor ao que elas estão a sentir. E assim, na hora de uma crise, seja porque motivo for, uma criança a partir dos 5 anos de idade precisa ser atendida no sentido de pensar e achar a resposta sobre o que está a acontecer com ela. Esta nossa valorização sobre o que ela está a passar  e ao mesmo tempo o fato de incluí-la na solução da questão desmonta a criação de caso.

De forma mais objetiva: quando um chilique começar – seja porque o braço da boneca saiu do lugar, seja porque está na hora de dormir, seja porque os trabalhos de casa não ficaram da maneira que ela queria, seja porque ela não quer fazer uma tarefa – seja o motivo que for, podemos fazer a seguinte pergunta para a criança, olhando nos olhos dela e com bastante calma: “Isto é um problema grande, um problema médio ou um problema pequeno?”

Aqueles momentos pensando a respeito do que está a acontecer à sua volta, sinceramente, pelo menos aqui em casa, tornaram-se mágicos. E todas as vezes que faço a pergunta e ela responde, a gentearranja forma de resolver o problema a partir da percepção dela de onde buscar a solução. Um pequeno, sempre é rápido e tranquilo de resolver. Algum que ela considera médio, muito provavelmente será resolvido mas não na mesma hora e ela vai entender que há coisas que precisam de algum desdobramento para acontecer. Se um problema for grave – e obviamente que grave na cabeça de uma criança não pode ser algo a ser desprezado mesmo que para nós pareça descabido – talvez seja preciso mais conversa e atenção para ela entender que há coisas que não saem exatamente como nós queremos.

Eu poderia dar vários exemplos onde tenho usado esta perguntinha nos últimos tempos. Um deles foi na hora de escolher a roupa para ir a escola (aqui não tem uniforme) e muitas vezes a minha filha faz aquela cena para escolher a roupa, especialmente agora em que é preciso usar roupa de frio. Pra resumir: ela queria uma calça, a preferida dela estava a lavar, começou o chororô e eu firme: Alice, isso é um problema grande, médio ou pequeno? Ela, sem graça, olhando para mim, falou baixinho: “Pequeno”. E eu mais uma vez expliquei que já sabíamos que problemas pequenos são fáceis de resolver. Pedi sugestão de como resolveríamos aquele problema pequeno (aprendi que é importante dar tempo para ela pensar e responder) e ela: “Escolhendo outra calça”.  E eu acrescentei: “E você tem mais de uma calça para escolher”. Ela sorriu e foi buscar outra calça. Dei os meus parabéns por ela ter resolvido o próprio problema porque, claro, valorizar a solução é uma parte imprescindível para fechar a história.

Eu não acho que existe milagre na criação dos filhos. Outro dia estava a pensar o quanto é uma verdadeira saga esta missão de colocar gente no mundo: atravessar todas as fases, trilhar caminhos que às vezes nos fazem cair em emboscadas, ter a humildade de voltar atrás para resgatar outro trilho. Este texto é sinceramente uma vontade grande de compartilhar uma luz que apareceu na minha estrada de mãe e eu espero de coração que sirva para você também.

Fonte: tudo sobre minha mãe

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