Febre em crianças : Saiba quando recorrer a remédios

Sempre que os pequenos têm febre, os adultos desesperam-se. Basta o termómetro indicar mais de 37 °C que começa a correria para encontrar um remédio antes mesmo de averiguar o estado de saúde da criança. A questão é: o uso de medicamento, nessas horas, pode ter consequências negativas.

Tanto é que a revista científica de pediatria do mundo, a americana Pediatrics, lançou um alerta recente sobre o uso indiscriminado de antitérmicos. No artigo, assinado por especialistas da Academia Americana de Pediatria, os médicos recomendam que não se recorra a esse tipo de remédio com o objectivo exclusivo de reduzir a temperatura corporal de meninos e meninas. “Só que, infelizmente, muitos pais têm um medo exagerado e irracional da febre”, lamenta o pediatra Jayme Murahovschi. É aí que mora o perigo.

Isso porque a auto medicação é sempre arriscada. “Os antitérmicos não actuam sobre a doença que desencadeou a subida da temperatura, só diminuem a febre”, lembra a infectologista e pediatra Cristina Rodrigues da Cruz. “A preocupação, quando há febre, deve ser com o diagnóstico do que a causou, feito por um pediatra.” Além disso, o calor corporal – desde que não passe de um limite tolerável – até costuma dar uma mãozinha para exterminar o que por ventura está por trás de toda a encrenca.

“A febre de até 38,6 °C otimiza o sistema imunológico”, confirma a pediatra Joelma Gonçalves Martin. “Ou seja, ficar um pouco mais quente do que o normal ajuda a criança a defender-se, porque a produção de anticorpos protectores aumenta, recrutam-se algumas células de defesa de maneira mais rápida e inibe-se a multiplicação de diversos micro-organismos”, explica.

Se a febre, a princípio, não faz mal, quando será que os antitérmicos são mesmo necessários? “No geral, quando aumentam o conforto da criança no alívio de sintomas como tremores, mal-estar e aceleração dos batimentos cardíacos”, diz o infectologista Milton Lapchik. Isso significa que se o seu filho está quente, mas continua a correr pela casa, não é preciso medicá-lo. As excepções são crianças com problemas cardíacos ou pulmonares, além daqueles que têm susceptibilidade a crises convulsivas desencadeadas por febre.

Em todos os casos, entretanto, quem deve decidir se é hora de apelar para as gotinhas é o médico – e não os próprios pais. “Nos menores de 3 anos, cujo sistema imune é um pouco mais imaturo, a preocupação precisa ser maior”, ressalta Joelma. “Assim, bebés com temperatura alta, independentemente do estado geral, crianças com febre baixa, mas com outros sintomas, e as que permanecem febris por dias seguidos necessitam de atendimento médico.” Nos recém-nascidos, qualquer febre deve ser comunicada imediatamente ao pediatra.

Mas nenhum pai ou mãe deveria entrar em desespero nestas alturas. Talvez esse seja o recado mais importante. Em mais de 60% dos casos, a elevação da temperatura é apenas uma das respostas do organismo à presença de algum micro-organismo estranho – e logo, logo esse calorão todo passa.

Quando o termómetro sobe

Acima de 37,8 ºC – Febre

E em crianças pequenas o termómetro pode marcar temperaturas bem mais altas do que esse calor. É uma reação natural de um organismo que está a aprender a defender-se. Ou seja, o calorão muitas vezes não reflete nada grave. Por isso, não se preocupe tanto.

Entre 37,2 e 37,8 ºC – Estado Febril

Nem sempre uma temperatura pouco acima de 37ºC indica que a febre está a caminho. Mas quando o estado febril se manifesta, a recomendação é deixar um termómetro por perto para verificar se o corpo do pequeno não irá aquecer demais.

Até 37,2 ºC – Normal

As pessoas têm organismos diferentes e a temperatura pode variar de indivíduo para indivíduo. Mas até cerca de 37,2ºC tudo está absolutamente normal.

Receitas caseiras

Algumas delas funcionam muito bem, sem efeitos colaterais

Lenços húmidos: as nossas avós já sabiam que colocar panos molhados com água na testa dos pequenos dá uma ajuda e tanto. “As compressas devem ser mornas e podem ser utilizadas desde que proporcionem conforto à criança”, lembra a infectologista e pediatra Cristina Rodrigues da Cruz. O corpo perde calor com o contato do tecido húmido em temperatura menor que a dele.

Muito líquido: durante a febre, é comum haver desidratação. Por isso, todo tipo de sumo, chá ou mesmo um copo de leite ou água são muito bem-vindos para manter o corpo a funcionar até o fogo passar.

Roupas leves: fuja à tentação de cobrir o seu filho com um cobertor para evitar que ele fique a tremer. Para ajudar o organismo a regular a temperatura, o ideal é o contrário: tire o excesso de roupas.

Banhos mornos: a água deve estar morna, em torno de 36 ºC – e pode parecer gelada para a criança que está cheia de febre. Por isso, nada de obrigá-la a entrar na banheira ou no chuveiro. A estratégia é eficiente, desde que não faça o pequeno berrar de desconforto. Afinal, a ideia é aliviá-lo de qualquer mal-estar, certo?

Precisa administrar os antitérmicos mas o peso do seu filho já não é o mesmo e não sabe que dose deve administrar? Nós ajudamos com um cálculo muito simples!

Brufen (Ibuprofeno) = Peso da criança / 3

Ben-u-ron (paracetamol) = Dose do Brufen + 1ml

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