Se acha fácil ser mãe, é porque não sabe o quanto é fácil ser pai!
É muito fácil ser pai! Foi lá, transou, recebeu a notícia de que estava vindo um bebé, ficou tenso por algumas horas, mas passou, avisou a família e ouviu dos pais que “agora a responsabilidade é dobrada”. Com sorte, se for uma pessoa responsável, vai acompanhar a mãe no primeiro ultrassom, perguntar se ela precisa de algo e na medida do possível, levar alguma coisa.
Vai parar numa lojinha e comprar um macacão de equipa de futebol, tirar foto, mandar para os amigos e entregar na casa da mãe. PRONTO! Aos olhos dele, a parte cabível na gravidez foi feita.
No dia do parto, se não tiver nenhum jogo importante ou encontro com os amigos, ele vai dar uma passadinha no hospital, desejar sorte e depois aguardar em casa a chegada da criança ou a mãe encaminhar uma foto e chamá-lo pra conhecer o filho.
Se estiverem juntos, ele até vai acordar algumas vezes na noite para compensar as dezenas de vezes que a mãe acorda. Se não estiverem juntos, uma vez por semana, ou quinzena, ele vai passar para deixar um pacote de fraldas, como se o bebé usasse uma fralda a cada 2 dias, e com sorte, levará uma lata de NAN, como se o bebé tomasse um biberon por dia.
A vida sexual dele vai continuar agitada, e certamente não irá querer compromisso com ninguém. Afinal, compromisso para quê? Se ele pode sair na noitada e pegar quem quiser, e no outro dia nem mandar uma mensagem!
Ele vai continuar viajando e estudando, pois ele tem tempo e dinheiro para isso, e mesmo se não tivesse, o papa banca. Nessas viagens nacionais e internacionais, ele trará um peluche para fixar que é um bom pai, e quando a criança estiver com ele, de 15 em 15 dias, fará questão de tirar 800 fotos e postar. Se por ventura for muita pressão, é porque você é um pai jovem, e tem esse direito. É muito fácil ser pai!
Quero ver ser mãe. Quero ver aguentar a família inteira chamar-te de irresponsável para baixo, porque você engravidou, sofrer todo tipo de enjoo, comprar tudo que tem vontade, ir em todos os exames, fazer acompanhamento na gravidez, sofrer a bendita dor do parto sem ninguém para segurar as mãos, ou mesmo segurando, sentir todos os seus ossos quebrando (dizem que essa é a dor do parto).
Quero ver fazer todo o enxoval sozinha, comprar berço, cortinas, mimos, roupinhas, uma tonelada de fraldas, lencinhos, meias, calçados, papinhas, shampoo para bebé, gorro para o frio, carrinho para carregar e dezenas de outras coisas. Quero ver acordar 40 vezes na noite porque o bebé chora, ou até mesmo acordar para confirmar se ele está a respirar (a minha mãe fazia isso). Quero ver tomar banho com o filho no colo, cantar quando ele chorar, pegar no colo, alimentar e colocar para arrotar, virar ele, tapar ele, cuidar dele. Quero ver fazer tudo isso e ter tempo para trabalhar e bancar todas as despesas, porque um filho é caro, e pensão não é suficiente.
Quero ver ter tempo para estudar e viajar, o que é praticamente impossível. No máximo, conseguirá assistir uma novela com ele no colo, torcendo a sua coluna. Quero ver fazer tudo isso e encontrar disposição para receber os outros em casa com um sorriso no rosto, mesmo cansada, para cozinhar, porque mãe também se alimenta, apesar de muito mal. Quero ver colocar o DVD da galinha pintadinha, olhar o arroz, atender a porta, falar no telefone que vai atrasar, maquilhar-se e trocar o bebé, tudo ao mesmo tempo.
Quero ver fazer tudo isso e ainda ter tempo e paciência para colocar o pai que não paga pensão na justiça, de correr pelos direitos do filho. Quero ver fazer tudo isso e ainda ouvir que vive explorando o pai, que vive de pensão, que usa o dinheiro para ir para as noitadas ou no cabeleireiro. Quero ver achar tempo para transar, porque mãe também transa, namora, se apaixona, mesmo com pouca frequência e tempo. Quero ver fazer tudo isso, e ainda ouvir que está “caçando homem ou que é “puta”, por tentar buscar a felicidade em outro alguém.
Quero ver acordar todos os dias com um sorriso no rosto, porque a alegria de ver aquele rostinho fofo deitado ao lado é maior do que qualquer sacanagem que um pai filho da puta tenha feito. Se por ventura for muita pressão, foda-se, você é mãe e NUNCA poderá desistir. Ser mãe está muito acima de qualquer coisa. Mãe é tudo, mas mesmo assim, vai aparecer um engraçadinho para dizer que “ser mãe é muito fácil”. Será mesmo?!
PS: Não é válido para todos os pais. Ainda existe uma minoria que se porta como seres divinos, e às vezes, até melhores que muitas mães. Se você é um bom pai, não se sinta incluído.
Fonte: Rafael Gonçalves