E então mamã, estás arrependida?

Tenho ouvido muito esta pergunta. As pessoas adoram olhar-me como mãe, e então perguntam-me isso.

Não, é a minha resposta. Já é automático.

A verdade é que eu nunca mais dormi as tão preciosas oito horas diárias. Eu nunca mais tomei um banho de trinta minutos. Eu nunca mais sequei o cabelo e passei a chapinha.

Eu já não sei o que é comer em silêncio. Já não existe aquilo das 26 mastigadas antes de engolir.

Tenho que me cuidar, porque o cansaço acaba obrigando-me a atirar-me aos congelados.

Nunca mais fui ao cinema, ou a uma festa. Os meus copos de cevada são sempre muito bem controlados. Os meus amigos perguntam-me porque bebo tão devagar, e a minha resposta é sempre a mesma: para não acabar o meu único copo tão depressa.

A minha maquiagem resume-se a um corretor para tapar as olheiras de inúmeras noites mal dormidas e um blush para parecer que tô viva.

Eu tenho andado na ponta dos pés. Música só de fone no ouvido.

Então, arrependi-me? Não, eu não me arrependi de acordar ao lado dela todos os dias. Não me arrependi do abraço dela, do cheiro dela, do sorriso dela, do olhar dela para mim.

Nem de quando ela chora de olhos fechados, e depois pára o choro e abre os olhos para ver se eu vou atender o pedido dela. Ou de quando ela sorri ao abrir os olhos pela manhã e dar de cara com o meu bom dia. Quando ela pára de mamar para prestar atenção às minhas histórias. Quando ela tá no colo de alguém e me vê: pronto, agora ela sabe que está segura.

Ter um filho é apaixonar-se todos os dias e não precisar esconder. É poder olhar sem se constranger. É admirar de perto. É pensar que talvez tenhas nascido apenas para que ele pudesse nascer.

Eu não existo mais sem ti, meu pedacinho <3

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Fonte: Leitora e seguidora do Ser Mãe – Diane Kipper, mãe da bela.