Sei ser essa mãe

Sei ser a mãe que está disponível para brincar horas a fio, como sei ser a mãe que pede ao pai que fique com a criança enquanto se fecha alguns minutos no quarto.

Sei ser a mãe que passa horas na cozinha a preparar refeições saudáveis, como sei ser a mãe que por cansaço não fez sopa

Sei ser a mãe que gere o comportamento do filho colocando-se ao seu nível e dialogando calmamente, como sei ser a mãe que perde a paciência

Sei ser a mãe que lê a mesma histórias três vezes com um sorriso no rosto, como sei ser a mãe que lê uma vez “a despachar”

Sei ser a mãe que abdica de tempo para si para ir a um qualquer programa infantil, como sei ser a mãe que pede à avó que fique com a neta para poder ir arranjar as unhas

Sei ser a mãe que deita fora todas as frustrações antes de entrar em casa, como sei ser a mãe que involuntariamente descarrega no filho

Sei ser a mãe que acerta na resposta para as necessidades da filha à primeira, como sei ser a mãe que tem de tentar uma e outra vez até acertar

Sei ser a mãe que inventa canções para convencer a filha a lavar os dentes, como sei ser a mãe que se farta e acaba por obrigar

Sei ser a mãe que tem a certeza da forma como educa, como sei ser a mãe que chora debaixo dos lençóis assoberbada pelas dúvidas

Acima de tudo, sei ser uma mãe real que, como qualquer outra, balança por entre o pólo positivo e o pólo negativo. Dou o meu melhor para que o positivo prevaleça a maior parte do tempo, ainda assim o negativo existe e admiti-lo não faz de mim – nem de vocês – pior mãe.

Enquanto mães não vivemos fechadas numa bolha, livres de toda e qualquer interferência; a verdade é que existem hormonas, cansaço, modelos parentais que se enraizaram, expectativas e preocupações. As mães, embora a sociedade se esqueça, são seres humanos comuns.

No final do dia sei que fui a melhor mãe que consegui ser – reconheço as vezes em que estive no pólo negativo, não esquecendo tudo de positivo que fiz (fazemos sempre muita coisa boa, não desvalorizem). Se vir que posso ainda melhorar, volto a tentar amanhã, e depois, e depois – afinal só aprendemos a ser mães depois de o sermos.

Fonte: 3m’s 
por Tânia Correia