Placenta prévia – O que é, causas, sintomas e tratamento

Placenta Prévia

Dizemos que a grávida tem placenta prévia, ou placenta de inserção baixa, quando a sua placenta está posicionada num local que provoca obstrução total ou parcial do colo do útero, que é efetivamente por onde o bebé precisa passar na hora do parto vaginal. A placenta prévia é, portanto, nada mais do que uma obstrução da saída do útero provocada por uma placenta mal localizada.

Duas são as complicações mais relevantes das grávidas que têm placenta prévia: a obstrução à saída do bebé na hora do parto e o risco de sangramento (até 80% das gestantes com essa condição apresentam sangramento vaginal indolor).

 

O QUE É A PLACENTA PRÉVIA

A placenta pode aderir-se a qualquer parte do útero. Na maioria das gestações, a placenta localiza-se na parte posterior alta, que é uma região oposta ao colo do útero, que é por onde o feto deverá sair em caso de parto normal.

Dizemos que a grávida tem placenta prévia quando a placenta apresenta uma inserção baixa, obstruindo a saída do colo do útero de forma total ou parcial.

Na verdade, a placenta não fica fixa numa localização única durante toda a gravidez. Conforme o útero e a própria placenta crescem, a sua posição costuma mudar. Uma grávida pode ter placenta prévia durante as fases iniciais da gravidez, mas chegar ao terceiro trimestre com a placenta localizada mais acima, sem risco de obstruir a saída do útero.

Contudo, quanto mais tempo a placenta permanece com implantação baixa, maior é o risco dela estar a obstruir a saída do útero no final da gravidez, de tal forma que:

  • Dentre as placentas que apresentam inserção baixa entre a 15ª e 19ª semanas de gravidez, apenas 12% permanecem como placenta prévia até o momento do parto.
  • Dentre as placentas que apresentam inserção baixa entre a 20ª e 23ª semanas de gravidez, apenas 34% permanecem como PP até o momento do parto.
  • Dentre as placentas que apresentam inserção baixa entre a 24ª e 27ª semanas de gravidez, 49% permanecem como PP até o momento do parto.
  • Dentre as placentas que ainda apresentam inserção baixa entre a 28ª e 31ª semanas de gravidez, 62% permanecem como PP até o momento do parto.
  • Dentre as placentas que ainda apresentam inserção baixa entre a 32ª e 35ª semanas de gravidez, 73% permanecem como PP até o momento do parto.

Portanto, um diagnóstico de placenta prévia no início do 2º trimestre de gravidez tem um significado diferente do diagnóstico de placenta prévia ao final do 3º trimestre. Enquanto a maioria das mulheres com implantação baixa da placenta no inicio da gravidez não terão placenta prévia ao final, apenas uma minoria delas com inserção baixa no terceiro trimestre chegarão ao parto com a saída do útero livre.

TIPOS DE PLACENTA PRÉVIA

Os tipos de placenta prévia são divididos de acordo com o grau de obstrução à saída do útero. Historicamente, a placenta prévia era dividida em 4 categorias:

  1. Placenta baixa → A placenta apresenta inserção baixa, mas não chega a encobrir a saída do útero
  2. Placenta prévia marginal → A borda da placenta chega a encostar na abertura do colo do útero, mas não chega a obstruí-lo.
  3. Placenta prévia parcial → A placenta cobre parcialmente a saída do útero.
  4. Placenta prévia total → A placenta cobre totalmente a saída do útero.

Atualmente, porém, a classificação da placenta prévia foi reduzida para apenas 2 categorias, que acabam por ditar a forma de parto a ser escolhida (explicamos mais à frente):

  • Placenta previa minor ou placenta de inserção baixa → são os casos em que há obstrução parcial da saída do útero, havendo um distância de até 2 cm entre a borda da placenta e o orifício interno do colo uterino.
  • Placenta previa completa ou major →  Obstrução total do orifício interno do colo do útero.

FATORES DE RISCO

Não sabemos exatamente o porquê de algumas mulheres desenvolverem placenta prévia. Sabemos, porém, que alguns fatores facilitam a sua ocorrência. Estes são chamados fatores de risco. Os principais são:

  • Parto cesariano prévio
  • Já ter tido múltiplas gestações anteriores.
  • Gravidez de gémeos.
  • Episódio de placenta prévia numa gravidez anterior.
  • Idade materna acima de 35 anos.
  • Gravidez obtida através de tratamento para infertilidade.
  • Histórico de aborto prévio.
  • Histórico de cirurgia uterina prévia.
  • Tabagismo
  • Uso de cocaína por parte da mãe

SINTOMAS DA PLACENTA PRÉVIA

Sangramento vaginal sem dor no último trimestre da gravidez costuma ser um sinal de alerta, e é preciso procurar ajuda médica imediatamente se acontecer.

Pode ser, no entanto, que não haja nenhum sintoma, e a condição só seja descoberta durante os ultrassons de rotina.

COMPLICAÇÕES

A principal complicação da placenta prévia é a hemorragia, que pode surgir antes, durante ou após o parto. A perda de sangue pode ser volumosa e colocar a vida da grávida e do feto em risco.

As grávidas que têm placenta prévia são mais propensas a ter uma placenta que implanta-se muito profundamente ao útero e acaba por não descolar facilmente na hora do parto. Esse tipo de placenta é chamada de placenta acreta. O risco de sangramento maciço é alto e pode exigir uma histerectomia (remoção cirúrgica do útero) para controlá-lo.

TRATAMENTO DA PLACENTA PRÉVIA

O tratamento da placenta prévia depende de alguns fatores, sendo os mais importantes:

  • Se a paciente tem sangramentos abundantes ou com grande frequência.
  • A idade gestacional.
  • O tipo de placenta prévia.

Grávidas assintomáticas ou com sangramento discreto

Nestes casos, indica-se repouso e abstenção sexual. O parto é geralmente induzido na 37ª semana de gravidez.

A via do parto depende do tipo de placenta prévia. Placenta prévia completa ou placenta com obstrução incompleta, mas cuja borda está a menos de 2 cm do orifício de saída do colo do útero, são indicações para parto cesariano. Por outra lado, grávidas cuja borda da placenta está a mais de 2 cm do orifício de saída do colo uterino podem ser submetidas ao parto vaginal, pois o risco de sangramento é baixo. Se durante o parto, porém, houver hemorragia, a via deve ser alterada para cesariana.

Grávidas com sangramento vaginal moderado a grande

Nestes casos, a grávida deve ser internada e tratada com transfusões sanguíneas. Se a gravidez já tiver 36 semanas, uma cesariana costuma ser realizada.

Caso a gravidez tenha menos de 35 semanas de gravidez, o tratamento inicial costuma ser conservador, havendo interrupção da gravidez por cesariana apenas se o sangramento não parar ou se o bebé começar a apresentar sinais de sofrimento.

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