Papá, não te ausentes assim!

Papá, preciso de ti!

Papá, ando meio confuso por tu não morares mais comigo, não entendo porque não te vejo o dia todo  e nem porque tu desapareces por grandes períodos, então resolvi falar um pouco sobre isso, porque a mamã diz que quando a gente fala sobre um assunto que nos incomoda, a gente consegue achar uma solução.

 

Ainda não entendo o porquê da tua toalha não estar mais pendurada na casa de banho de casa. Por isso todos os dias quando vou tomar banho ainda pergunto à mamã onde está a tua toalha. Quando vou para cama da mamã de madrugada, ou quando apareço de manhã no quarto para acordar vocês e não te vejo deitado lá, também sinto a tua falta e pergunto à mamã onde tu foste.

 

E quando tu me ligas com a câmara ligada, eu abraço sempre o telefone, porque estou com saudades e queria-te mais perto de mim. Desculpa se me aborreço rapidamente com a chamada e desligo logo o telefone na tua cara, mas é que preciso de presença, sabes? E telefone não é a mesma coisa que ter-te presente.

 

Estou sempre a lembrar-me de ti, quando a mamã vai trocar a minha fralda e eu agarro os meus pezinhos digo sempre : “Dedinhos de mamã, pezinhos de papá”. A Mamã diz sempre que os meus dedos dos pés são iguais aos dela e que os meus pezinhos gordos são iguais aos teus.

 

Quando eu tenho uma novidade e tu não estás perto para eu te contar, peço sempre  à mamã para me ajudar a enviar um recado por mensagem de voz para ti quando tu não atendes a minha chamada. Preciso sempre partilhar. Porque tu és importante para mim!

 

Sabe papá, sinto mesmo a tua falta o tempo todo  e por mais que a mamã me diga que tu me amas, ou que eu ouça isso de ti pelo telefone ou quando estamos juntos, eu preciso mesmo é de sentir isso. Com a tua presença, com o teu zelo, com o teu carinho, fortalecendo os nossos laços afetivos para que não percamos o nosso vínculo. É que ainda sou muito pequenininho… Nem tenho dois anos ainda, por isso certas coisas eu não entendo.

 

Papá, quando tu discutes com a mamã e ficas com raiva dela, precisas entender que eu não tenho nada a ver com isso. E eu não entendo porquê eu sou punido com a tua ausência. Não entendo porque tu nem me ligas quando estás com raiva da mamã. Eu não te fiz nada papá. Isso só me gera mais dúvidas e a minha cabecinha fica muito confusa.

 

Quero a tua ajuda para me explicares a tua ausência na minha vida, podes ajudar-me  com algumas dúvidas que tenho aqui na minha cabecinha?

  • Não entendo porque precisas de te separar também de mim por te teres separado da mamã;
  • Não entendo como pagar algumas das minhas despesas seja uma prova do teu amor por mim;
  • Não entendo como uma chamada pode substituir uma visita para me veres e brincares comigo pessoalmente;
  • Não entendo porque dizes que vens ver-me e não vens;
  • Não entendo como é possível ficares mais de duas semanas sem te encontrares comigo;
  • Não entendo porque não vens comigo para casa quando eu vou embora;
  • Eu não quero sentir-me  menos amado só porque não moras mais comigo, mas como posso sentir o teu amor com a tua distância?

 

Sabe papá, a mamã anda exausta! 

Ela esforça-se mesmo. Eu vejo isso quando acordo de madrugada para mamar e ela ainda não está na cama porque precisa terminar algum trabalho, ou quando ela me pede só um minutinho para terminar de fazer alguma tarefa antes de me pegar ao colo, ou começar a brincar comigo.

 

Papaá quando eu chego a casa com a mamã e a vejo desdobrando-se para carregar todas as sacolas e ainda me carregar eu tento entender como ela dá conta daquilo tudo sozinha. Até quando vamos fazer pic-nic e ela leva aquela nossa cesta grande com comida gostosa, mais todos os meus brinquedos que escolhi levar para o passeio e a minha sacola com as fraldas e essas minhas coisas eu fico mesmo a pensar de onde ela tira tantos braços para levar isso tudo.

 

Mesmo que seja muito divertido, eu sinto falta dela quando às vezes fico na casa da titia para brincar enquanto ela trabalha alguns fins-de-semana, e quando ela chega para me vir buscar ela explica-me sempre  que estava a trabalhar, e pergunta-me  tudo o que eu fiz durante esse tempo em que ela não estava lá comigo, nós conversamos sempre e assim eu percebo que ela precisa trabalhar e que foi bom para mim também ter ficado a brincar na casa da titia. E ela vem sempre buscar-me  quando diz que vem.

 

Eu amo a mamã papá! Nós divertimo-nos muito juntos, mas a presença dela não substitui a tua, sabes?

 

Por favor, não aches que por falar da mamã eu estou a diminuir o teu esforço para contribuir com os custos que gero todos os meses. Até porque a mamã lembra-me  sempre do esforço que tu fazes para trabalhar e contribuir financeiramente. Ela conta do teu trabalho e que tu ajudas a pagar algumas das minhas contas. A mamã diz-me sempre que tu me amas e que às vezes não podes estar por perto por estares ocupado a trabalhar, ou com outras coisas tuas e pergunta-me se quero ligar para ti. Mas não é a mesma coisa papá.

 

Eu preciso mesmo de ti perto de mim

Papá, quando estiveres comigo nos dias que vieres buscar-me, fica comigo. Brinca comigo, dá-me atenção. Não fiques tanto tempo a conversar com outras pessoas ou ao telemóvel, não durmas nem saias e não me deixes com outra pessoa.  Se eu fiquei contigo é para ficar contigo, lembraste? Eu amo os meus priminhos, as minhas tias e a minha avó, mas eu vim para brincar contigo papá. Eu preciso é de ti. Não precisas dar-me  presentes para eu saber que me amas, eu preciso sentir papá. Sentir a tua atenção, a tua dedicação, preciso ser prioridade, ser importante para ti. Eu ainda sou pequenininho papá, a minha maneira de perceber que tu me amas é assim, com a tua presença, sentindo o teu interesse por mim. Percebes-me?

 

Papá, eu amo-te ! Não quero que tenhas dúvidas disso, e eu demonstro isso sempre que estamos juntos. Por favor, não me faças ter dúvidas do teu amor por mim. Preciso da tua ajuda para manter o nosso vínculo afetivo. Papá, não te ausentes assim….

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Fonte: Uaimae

Adaptado por:  Ser Mãe