Mas que raio de mãe és tu?

Ser mãe nos dias que correm é estar exposta em praça pública, sujeita a um qualquer escrutínio.

O bebé nasce e mal abre a goela (como é de esperar de um recém nascido) começa uma chuva de dúvidas alheias (como se não bastassem as nossas…)

“Será o teu leite suficiente?

Será mesmo bom?

O bebé não terá fome?

Olha que devias colocar mais uma roupinha, ele tem frio.

Se calhar é melhor dares uma fórmula, acho que tem fome. E o que tens andado a comer?
Olha que as cólicas devem ser do que tu comes, certamente!
E olha lá, não te parece que a menina é estrábica? Ia jurar que tem qualquer coisa, é melhor ires ver!
E aquele pezinho que vira para dentro enquanto tenta dar os primeiros passos? Calçado ortopédico, JÁ!”

Se formos uma mãe “como deve ser” não podemos ficar nervosas, temos que transparecer que andamos calmas e radiosas, em harmonia com o universo, quando  o que nos realmente apetece fazer é partir tudo que nos aparece à frente e trancarmo-nos na casa de banho com a música nas alturas , ignorando o choro incessante da criança enquanto devoramos um pacote de Oreos (que sim, é péssimo para o leite e para as cólicas, já sabemos!!) e chorarmos que nem Marias Madalenas, enquanto questionamos se a nossa vida será um dia parecida com a que tínhamos até então!

 

Mais tarde chega a altura da introdução dos primeiros alimentos complementares ao leite.
E preparem-se!
Se derem papas caseiras a pensar nas colheradas de nutrientes vazios que colocam dentro da boca das vossa crianças, vão ouvir das boas.

“Porque onde já se viu, os bebés sempre comeram estas papas e se estão à venda em farmácias é porque são o melhor! Estas teorias modernas são do mais ridículo que há!

No entanto, se derem as papas da farmácia ou do supermercado, “Meu Deus, que veneno! Já leste aquele artigo sobre os alertas das papas farinhentas e hiper mega doces que damos às crianças hoje em dia?

Queres que ela fique com diabetes em 3 tempos?

Estás preparada para ter filhos obesos, estás, ESTÁS?”

Ok… E quando chegam os iogurtes?

Ahhhh os iogurtes…

E agora?
Vais dar iogurte natural até ela perceber que existem os outros e pedir por eles (e coitadinha, vai ser uma desconsolada que concerteza irá ser uma eremita para o resto da vida e passará a adolescência sentada num banquinho, isolada, enquanto come as suas deliciosas bolachas de água e sal (pouco) acompanhadas do iogurte … NATURAL, claro!!!

Ou vais arriscar tudo e dar iogurtes de aroma que a transformarão numa mulher que estará sempre em guerra com a balança e que a tornará dependente de açúcar e corantes para o resto da vida graças a  anos de consumo de Yogulino?

 

Pensa bem, é o tudo ou nada, o futuro da tua filha depende desta grande decisão e não te faltará gente a apontar o dedo!

 

E pouco antes dos 2 anos resolves dar mel à tua filha (uma colher, vá) porque ela está cheia de tosse.

Cuidado! Vais levar com 3043 artigos de fontes credíveis, todos com a citação de um estudo de uma universidade chiquérrima qualquer , que te farão sentir um monstro desprezível assim que perceberes que acabaste de sentenciar a tua criança a ter botulismo!

Sim, botulismo, ouviste bem?

No entanto ,se chegares aos 2 anos da tua criança e não lhe teres concedido uma colher de mel para atenuar os terríveis sintomas da tosse, serás considerada a mãe esquisita, que protege os seus filhos de coisas que não carecem de proteção!
E afinal, toda a gente sabe que o Nestum tem mel e todos os bebés enfardam daquilo às colheradas desde muito cedo!

E por aí adiante…
Serás criticada por dares batas fritas e por não dares batata frita.

Serás alvo de risota por tentares que os teus filhos não se deparem muito cedo com doces e guloseimas, como pipocas e refrigerantes.
Mas cuidado, sumos ainda vá que não vá, gomas é que não, que horror!
Mas que raio de mãe és tu?

 

No que diz respeito à alimentação nos primeiros meses de vida terás que ficar num dos 2 lados: as que defendem a amamentação até a criança querer, mesmo que para isso tenhas que andar com a criança pendurada na mama até ter 50 kgs ou gritarás para todo o mundo ouvir que as mamas são tuas, fazes o que quiseres com elas e permites-te beber umas cervejolas enquanto dás o biberão de fórmula ao puto.

 

Ahhhhhhh e então as fraldas? Vais ignorar o desastre ecológico eminente e gastar 7 fraldas descartáveis por dia???? E ainda assim acreditar que os teus filhos terão lugar num planeta saudável e ensinar-lhes de forma hipócrita que devem na mesma separar o lixo?

 

E quando ficam doentes todo o Inverno?

Preparada para as várias teorias?

Ora bem, temos aquela de que os proteges demais e devias deixá-los correr transpirados no Inverno enquanto saltam em poças de lama (com o máximo de bactérias possíveis).

Mas também pode ter sido tua culpa pelo facto de os

teres deixado abrir a janela do carro logo no momento em que começou a chuviscar!
Nunca vais saber se os protegeste demais ou a menos…
Vais gramar com eles doentes e pronto, o resto é conversa.

Ahhhh… quase que me esquecia dos banhos!
Se lhes dás banho todos os dias, está mal! Os pequenos não precisam de ser demolhados todos os dias em água e químicos cheios de parabenos!
Mas se por acaso até lhes resolves dar banho dia sim dia não, irás ter gente a olhar para ti como se estivessem a olhar para uma doninha fedorenta.

 

E se pensas que acaba por aqui estás muito enganada.

A tua próxima prova é conseguires justificar por A+B (sem gaguejar ou a credibilidade do argumento já era) porque resolveste colocar os teus filhos na escola pública ao invés da privada.
Porque és a favor dos trabalhos de casa ou não… E por aí adiante!

 

Mas afinal que RAIO DE MÃE ÉS TU?

Pois bem, o único conselho é:

INSPIRA, RESPIRA e  NÃO PIRA!
E,por favor, abstrai-te de grande parte dos palpites que só te farão questionar se estarás a fazer tudo da forma correta.
Porque com toda a certeza tomarás boas e más decisões todos os dias.
E como tu, todas as outras mães…

Fonte: Blog Princesas de cueca e fralda