Factores que podem dificultar na concepção

Muitos casais passam meses ou até anos a tentar engravidar, fazem tratamentos, mas, ainda assim, não conseguem. Uma das causas pode ser o stress, mas não só!

Os casais não devem culpabilizar-se pela dificuldade em engravidar, já que o stress não é o único factor que dificulta a concepção.

Saiba quais os factores que podem dificultar na concepção:

1.Síndrome dos Ovários Policísticos

Dentre os factores ovulatórios que dificultam a gravidez, a síndrome é a mais recorrente — acomete cerca de 10% de todas as mulheres e 75% das inférteis. A doença causa cólicas, menstruação irregular, pele oleosa, acne e obesidade. Ela é caracterizada pela falta de ovulação e pelo excesso de hormonas masculinas, como a testosterona. Para quem tem a síndrome e quer engravidar, o tratamento é feito com medicações indutoras da ovulação.

2. Peso (a mais ou a menos)

Índice de massa corporal (IMC) acima ou abaixo do recomendado: os dois cenários podem atrapalhar a fertilidade feminina. As hormonas que chegam até os ovários e atuam no sistema reprodutor das mulheres precisam, necessariamente, da ajuda da gordura para percorrer o organismo. Tanto o excesso de gordura quanto a falta dela alteram o funcionamento do metabolismo, comprometem a ovulação e desregulam a menstruação.

3. Endometriose

A endometriose, que afecta de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, consiste no crescimento do tecido que reveste a parede interna do útero (o endométrio) em locais como ovários, bexiga e intestino, podendo causar inflamação nas trompas e na cavidade abdominal. Os sintomas comuns são cólicas menstruais fortes, dor na relação sexual e alterações urinárias e intestinais durante a menstruação. Alguns remédios controlam a doença. Mas, para quem pretende engravidar, é comum recorrer à cirurgia.

4. Problemas com o parceiro

Os motivos que levam à infertilidade masculina são diversos. O mais comum é a varicocele, que se caracteriza pela dilatação das veias de drenagem dos testículos. “A doença é responsável por 40% dos casos de infertilidade nos homens. A sua causa é indefinida, mas sabemos que ela leva a uma deficiência na produção de espermatozoides pelo aumento da temperatura intratesticular, causada pela acumulação de sangue nas veias”, explica o urologista Marcelo Vieira.

Outros problemas são baixa frequência do hábito sexual, causas congénitas (como cistos na linha mediana da próstata, que geram obstrução do ducto ejaculatório), doenças infecciosas (como a orquite e a caxumba, que dificultam a produção dos espermatozóides) e exposição a drogas e toxinas (como a quimioterapia e a radioterapia, que levam à lesão do epitélio germinativo, responsável pela produção de espermatozóides).

 4. Desregulação hormonal

Sintomas como ciclos irregulares, mudanças de peso bruscas, alteração de humor e ansiedade podem ser indícios de que as hormonas estejam alteradas. A ovulação é controlada por hormonas e depende, também, do bom funcionamento do organismo como um todo. Qualquer desregulação em alguma glândula secretora, como na tireoide, pode levar à dificuldade de engravidar, já que a ovulação fica deficiente.

5. Doenças sexualmente transmissíveis

As DST’s podem inflamar o útero e as trompas de falópio (por onde se passa o óvulo). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10 a 40% das mulheres que não trataram doenças como gonorreia ou infecção por clamídia (bactéria que atinge a uretra e as áreas genitais) possuem uma inflamação na pélvis, que dificulta a gravidez. No caso dos homens, a gonorreia pode obstruir o sistema ductal, por onde os espermatozóides saem.

6. Ansiedade e stress

Factores emocionais, principalmente a ansiedade e o stress, modificam o funcionamento do hipotálamo — mais precisamente da glândula hipófise, que secreta hormonas importantes para a ovulação, como a gonadotrofina e a prolactina. É importante lembrar que o stress pode agravar outros problemas já existentes na mulher, como alguns factores ovulatórios.

7. Idade

As mulheres nascem com uma reserva de óvulos, que começa a diminuir logo que elas saem do útero da mãe. Aos 25 anos, mais de 70% dos óvulos já se foram e, aos 30, mais de 80%. No 35º aniversário, restam menos de 10% da reserva — nessa idade, a probabilidade de gravidez é de 25%, caso não haja nenhum outro fator limitante. Dos 36 aos 40, a probabilidade cai para 15 a 20%.

Se for necessário recorrer à reprodução assistida, uma das técnicas é a inseminação intra uterina, que induz e controla a ovulação, além de injectar os espermatozóides directo no útero. Outra opção, para aquelas com menos probabilidade de engravidar, é a fertilização in vitro, o chamado bebé de proveta. O método fecunda o espermatozóide em laboratório e insere os embriões no útero.

 8. Miomas

Os miomas são tumores benignos que se formam no útero sem causa determinada. Mais comuns em mulheres de 30 a 40 anos, eles alteram a parte interna do útero, dificultando a ovulação e a concepção. A retirada do mioma por meio cirúrgico deve devolver ou aumentar a capacidade reprodutiva da paciente.

9. Cirurgia ao ovário

O motivo mais comum para esse procedimento é a retirada de cistos no ovário, que se formam quando o folículo (onde o óvulo se desenvolve) não consegue libertar o óvulo constituído. A cirurgia reduz a quantidade de óvulos. Técnicas de reprodução assistida, como a indução de ovulação, pode ser uma opção para facilitar a concepção.

10. Tratamento de cancro com quimioterapia

A quimioterapia, além de destruir as células cancerígenas, pode comprometer o bom funcionamento do sistema reprodutor. Os compostos químicos atacam o corpo inteiro, incluindo os óvulos, dificultando a gravidez. A indicação é recorrer a uma técnica de reprodução assistida.

11. Endometrite

A endometrite é caracterizada pela infecção do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, e manifesta-se com sintomas como dores na região pélvica, febre, mal-estar, sangramento secreção vaginal anormais. Após um tratamento com antibióticos, a paciente volta a ser fértil.

12. Infecções ginecológicas e pélvicas

Existem fatores que comprometem a permeabilidade das trompas e atrapalham a chegada e a fixação do esperma para a fecundação. Infecções pélvicas e ginecológicas, se não tratadas, podem danificar a aderência da trompa para a concepção. Manter os exames ginecológicos em dia ajuda a afastar problemas. Na maioria dos casos, o tratamento é feito com o uso de medicamentos via oral.

13. Contraceptivos injectáveis

Os métodos contraceptivos injectáveis deixam o muco cervical mais espesso, impedindo a passagem dos espermatozóides. Mulheres que usaram injecções recentemente (de seis meses a um ano, período em que o medicamento afecta a fertilidade feminina) devem consultar um ginecologista antes de tentar engravidar, para não ter falsas ilusões. O remédio pode ficar mais tempo no organismo. Quando ele perde o efeito, a mulher torna-se fértil novamente.

A pílula anticoncepcional, vista por alguns leigos como prejudicial à fertilidade, pode ser, na realidade, uma aliada da cegonha. Quem toma pílula tem menos probabilidade de desenvolver pólipos, endometriose e espessamento no ovário, factores que dificultam a gravidez. Após a interrupção do anticoncepcional, o ciclo ovulatório volta ao normal e a mulher já tem potencial fértil imediato.

14. Factores idiopáticos

Os factores idiopáticos, que acometem homens e mulheres, são aqueles desconhecidos pelo médico, mesmo após uma completa investigação diagnostica. Na maioria dos casos, esses factores têm causas genéticas que não conseguimos identificar. Nesses episódios, a reprodução assistida é o melhor método.

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