A depressão nas crianças é sempre motivo de preocupação para os pais, mas quando é que há motivos para alarme?
Todas as crianças sentem-se tristes de vez em quando, e passam por períodos de alguma depressão, é necessário contextualiza-las e perceber se se devem a desilusões normais e inevitáveis da infância, se fazem parte de situações de perda, divorcio dos pais, morte de entes-queridos ou animais, consequência de nascimento de um irmão, perda de um amigo, etc.
Antes de mais é importante dizer-se que o choro é uma resposta ativa e saudável à necessidade do luto de algo que ela perdeu e é importante que o faça quando está triste. Mas uma criança gravemente deprimida poderá apresentar alguns destes sintomas:
– Isolamento (a criança não se sente disponível para estar com os outros sejam eles os amigos, pais, irmãos, colegas, etc.);
– Exibir um olhar triste e cabisbaixo, em que a sua expressão facial é reduzida assim como os seus movimentos;
– Perda de energia/vitalidade – a criança sente-se cansada e não lhe apetece fazer nada havendo uma certa apatia pelo que a rodeia;
– Sentimentos de desespero, desvalorização e culpa expressando-se verbalmente por “ninguém gosta de mim”, “para que é que eu vim a este mundo”, etc.;
– Alterações na alimentação e padrões de sono;
– Sintomas corporais/físicos como dores de cabeça ou barriga exacerbando-se antes de qualquer acontecimento novo, como o ir para a escola, ir a uma festa, etc.;
– Alteração de hábitos (dificuldade em continuar com o que fazia antes, ex.: pratica de atividades, aumento de desleixo, etc.).
Se estes sintomas se manifestarem após um acontecimento triste da vida da criança, poderão ser considerados adaptativos mas se ao contrário isso não acontece e se perduram no tempo, então sim poderão ser um motivo para alarme.
Tratamento da depressão infantil
O recurso a antidepressivos, estabilizadores de humor ou outros psicofármacos no tratamento da depressão infantil continua a dividir os especialistas. “É uma questão controversa. Na minha opinião, a psicoterapia individual deve ser o tratamento de eleição, não excluindo também a intervenção com a família e, se necessário, com a escola ou outras pessoas e/ou entidades que rodeiam a criança”, começa por explicar a pedopsiquiatra. “O que não quer dizer que, em situações mais graves, não se recorra a medicação para alívio dos sintomas”, acrescenta. A abordagem psicoterapêutica individual tem uma duração variável, consoante a severidade da situação, mas implica um acompanhamento regular que pode variar entre meses a anos.
Como lidar com a criança deprimida
Conviver com uma criança com depressão não é fácil, porém os pais, familiares e professores devem ajudar a criança a ultrapassar a doença para que esta se sinta apoiada e que não está sozinha. Assim, deve-se:
- Respeitar os sentimentos da criança, mostrando que os compreendem;
- Incentivar a criança a desenvolver atividades que gosta sem causar pressão;
- Elogiar a criança constantemente de todos os pequenos atos e não corrigir a criança perante outras crianças;
- Dar muita atenção à criança, afirmando que a estão ali para a ajudar;
- Levar a criança para brincar com outras crianças para aumentar a interação;
- Não deixar a criança brincar sozinha, nem ficar no quarto sozinha vendo televisão ou jogando videojogos;
- Incentivar a comer de 3 em 3 horas para se manter nutrida;
- Manter o quarto confortável para ajudar a criança a adormecer e dormir bem.
Estas estratégias vão ajudar a criança a ganhar confiança, evitando o isolamento e melhorando a sua autoestima, contribuindo para que a criança consiga curar a depressão.
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