Crianças com pais muito críticos têm mais hipóteses de sofrer de ansiedade e depressão

Como anda o seu nível de exigência em relação às crianças? Segundo uma pesquisa americana, é preciso ter cuidado com as críticas exageradas. Entenda!

Na tentativa de fazer com que os filhos se comportem bem, alguns pais adotam uma criação rígida, com direito a regras e exigências excessivas. Mas será que as crianças estão preparadas para uma carga tão pesada? Esse é mesmo o melhor caminho? Pesquisadores da Binghamton University, em Nova York, foram atrás das respostas.

O caminho escolhido para o estudo foi analisar o modo como as crianças reagiam às expressões faciais dos pais, enquanto eles faziam uma crítica a elas. Isso foi feito por meio de um marcador neural que os cientistas chamam de Potencial Positivo Tardio (LPP), responsável por fornecer a medida do quanto alguém está prestando atenção à informação emocional, como um rosto feliz ou triste.

Na prática, os pesquisadores ouviram pais de crianças de 7 a 11 anos falando sobre seus filhos. Depois, essas declarações foram classificadas em níveis de crítica. Ainda durante o estudo, os cientistas mediram a atividade cerebral das crianças enquanto elas observavam uma série de fotos de rostos expressando diferentes emoções.

Aos cruzar os resultados, foi possível chegar à conclusão de que os filhos de pais altamente críticos prestavam menos atenção a todas as expressões faciais, em comparação com as outras crianças. “Esse comportamento pode afetar as relações com os outros e ser uma das razões pelas quais os pequenos expostos a altos níveis de crítica correm mais risco de desenvolverem uma depressão ou ansiedade”, disse Kiera James, principal autora do estudo.

James acredita que esse comportamente as ajuda a evitar os sentimentos negativos que possam associar à crítica dos pais. “Sabemos de pesquisas anteriores que as pessoas tendem a evitar o que as deixa desconfortáveis, ansiosas ou tristes”, explicou.

Qual é o limite para as críticas?

Mas como, então, saber quando as exigências estão passando dos limites? Segundo a psicóloga e vice-presidente da Associação Brasileira de Terapia Familiar, Ana Cristina Barros Fróes, é indispensável estar atento ao comportamento das crianças. “Preste atenção aos que elas falam, na qualidade do sono, nas mudanças no relacionamentos sociais. As crianças que são exigidas demais costumam ter medo de errar – e errar é fundamental para o aprendizado”, explicou ela.

“Troque o ‘você é’ pelo ‘hoje você está’.”, sugere a especialista. “É importante que os pais tomem cuidado com os rótulos, repetições e afirmações e se coloque no lugar do seu filho”, disse ela. Outra orientação é manter uma relação mais próxima com a escola, pois os sintomas também aparecem no ambiente escolar. “Você pode ter pouco tempo com o seu filho, mas a qualidade desse tempo é o que mais importa. Preste atenção nele”, finaliza.

Leia também:

As crianças obedecem quem elas admiram

Uma criança Feliz é uma criança barulhenta, inquieta, alegre e rebelde

Para avaliar os resultados com mais detalhes, os cientistas ainda pretendem comparar os resultados com o de outro estudo que observa o que acontece nos cérebros das crianças quando recebem comentários positivos e negativos de seus pais.

Como mudar essa situação

O psicólogo Helio Roberto Deliberador, da PUC-SP, explica que um lar muito restritivo tende a reduzir a relação da criança com o mundo também. “O ambiente ideal é o de diálogo permanente. Use frases situacionais e, não definitivas”, diz. Que tal exercitar já?

    EM VEZ DE DIZER                                       DIGA
“Você sempre faz isso”“Da próxima vez, pense melhor antes de…”
“Você não tem solução”“A decisão que você tomou não é correta porque…”
“Eu não aguento mais”“Vamos pensar em como evitar que isso aconteça de novo”

Fonte: Revistacrescer