Compreender a Hiperatividade

Hiperatividade : Compreenda um pouco melhor esta perturbação que afeta cerca de 5% das crianças em idade escolar.

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma doença do neurodesenvolvimento que condiciona um desequilíbrio a nível de alguns neurotransmissores (moléculas que permitem a comunicação entre as diferentes células do cérebro) e que vai ter como consequência alterações a nível do raciocínio/atenção e comportamento motor das crianças afetadas.

Pode ter manifestações muito variáveis mas que, de um modo geral, se podem dividir em dois grandes grupos: desatenção e hiperatividade/impulsividade. É possível haver crianças com predomínio de desatenção, crianças com predomínio de hiperatividade/impulsividade e crianças com manifestações dos dois grupos.

De um modo geral, os meninos são mais hiperativos/impulsivos e as meninas mais desatentas, mas esses padrões não são “exclusivos” e podem surgir em ambos os sexos. É possível ser “mexido” sem ser hiperativo? Claro que sim!

É normal que as crianças pequenas sejam irrequietas e estejam sempre a mexer-se. Se não for assim é anormal e isso sim, deve ser motivo de uma avaliação… No entanto, com o crescimento e desenvolvimento, as crianças aprendem a comportar-se de forma mais ou menos adequada em cada contexto, nomeadamente no contexto escolar. É precisamente por isso que é raro fazer um diagnóstico de PHDA em idade pré-escolar…

Por outro lado, o comportamento das crianças depende muito das regras que se lhe colocam (os meninos que estão habituados a muita permissividade e a fazer tudo o que querem não se vão saber comportar de forma adequada). Apesar disso, não podemos achar que todos os meninos “mexidos” o são apenas porque não têm regras. Isso não é verdade porque a PHDA existe e é claramente perturbadora.

As verdadeiras crianças hiperativas não se conseguem controlar porque não têm capacidade de parar e precisam de ajuda. Negar essa ajuda é incorreto e até injusto!

Nem sempre é fácil distinguir a doença de um menino “mal comportado”, mas há alguns sintomas que em conjunto fazem pensar mais numa PHDA, nomeadamente a fala excessiva, a dificuldade em estar sentado ou brincar quieto, a dificuldade em esperar pela sua vez, a vontade de responder às questões antes delas terminarem e o comportamento perturbador na sala de aula.

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Orientações para os pais:

Promova atenção positiva – Reserve alguns minutos do seu dia e treine a atenção positiva. Desligue o telemóvel, fuja das críticas, do controlo, da imposição de regras e deixe o seu filho tomar o comando da brincadeira.

Elogios – use e abuse – Crianças com PHDA necessitam de um feedback constante, por isso treine o elogio sincero. Elogie imediatamente, seja direto, mostre entusiasmo e invista no contacto/toque físico (mão no ombro, festinha na cabeça, abraços, beijinhos, olhar nos olhos). Elogie o comportamento, a partilha, as iniciativas próprias da criança e não tanto a personalidade. Em vez de: “És lindo, És fantástico!”, utilize: “Gosto quando…; Fiquei muito satisfeito/a por…; Estou muito orgulhosa contigo porque…; Obrigada por…”.

Valorize o processo e não tanto o produto/resultado – Não espere comportamentos perfeitos, valorize os pequenos passos alcançados. Não se esqueça que o seu filho está sempre a tentar corresponder às suas expectativas e por isso sofre grandes frustrações quando não consegue ou quando não se sente valorizado.

Negociar regras e não impor – Pode recorrer a contratos de comportamento onde combina com a criança quais as regras a cumprir, atribuindo-lhe ou retirando pontos (reforço e consequência), de acordo com o comportamento. Lembre-se que ao reforçar comportamentos desejáveis está a aumentar a probabilidade destes ocorrerem. Os pais e a criança assinam ambos o contrato.

Forneça recompensas – Elabore em conjunto com a criança, uma lista de prémios/privilégios que ela pode receber, caso cumpra as regras/pedidos estabelecidos. Dê prioridade a recompensas simples, prazerosas (ex. passear no parque, escolher menu do jantar, ver televisão até mais tarde…).

Aplique consequências e recompensas imediatas – Os pais devem agir mais e falar menos, resmungar menos. Devem oferecer consequências concretas e imediatas pelo mau comportamento, e oferecer igualmente, recompensas imediatas aos bons comportamentos.

Antecipe situações públicas/birras ou desobediências ocasionais – Quando sair de casa com a criança explique-lhe o que espera dela em relação ao comportamento (regras claras e simples). “Tens de te portar bem!”, é uma ordem bastante vaga. Deve dizer-lhe claramente quais a regras, recompensas e quais as consequências das desobediências. Lembre-se de levar alguns brinquedos ou algum objeto do interesse da criança, que a ajude a passar mais facilmente o tempo (brinquedo, jogos, livro…); Elogie o bom comportamento sempre que se verificar durante a situação pública.

Encoraje o seu filho a desenvolver pensamentos positivos – “Vou ser capaz”; “Eu consigo”; “Vou acalmar–me”; “Vai correr tudo bem”; e a fazer atividades ao ar livre (andar de bicicleta, dar um passeio pelo parque). São algumas estratégias que podem fazer a diferença na gestão das suas emoções.

Alivie a pressão e recarregue baterias – Os pais devem encontrar sozinhos ou em conjunto (com os seus cônjuges), um tempo de carinho ou de cuidado só para eles. Dediquem-se a uma atividade de que gostam e que vos dá prazer (caminhadas, ir ao ginásio, ir ao cinema, relaxar numa esplanada, ler um livro etc.) Esse tempo permite cuidar do vosso bem estar e aliviar algum stresse acumulado.

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