Como cada criança encara o divórcio, consoante a idade

Infelizmente,cada vez mais é comum o divórcio de casais com crianças pequenas. Para nós, adultos, torna-se mais fácil encarar esta fase da vida, mas, para as crianças, dependendo da idade, encaram este assunto de formas distintas.

O divórcio é sempre um momento bastante triste e sofrido para toda a família. Este vem alterar as rotinas e o relacionamento familiar (tanto com os pais como com os avós, cunhados, primos, tias…).

Quando mais os filhos conviverem com os pais casados, mais a criança virá a sofrer com a separação. Isto não quer dizer que os mais pequenos não sofram com a mesma.

Em qualquer das idades, os filhos são afectados. Para tornar este processo mais fácil, saiba como cada criança reage consoante a idade e como pode ajudá-la neste processo.

  • Bebés (de 0 a 2 anos)

De acordo com a psicopedagóga clínica Cláudia Bianco Simone, de São Paulo (SP), quando muito novinha, a criança ainda está a formar os seus vínculos e a começar a reconhecer os seus pais. “Nesses casos, o processo de separação pode gerar uma dificuldade de formação de vínculo com aquele que não ficar com a guarda”, diz.

Para suprir essa defasagem é importante que justamente essa pessoa seja a mais presente possível na vida do filho, a fim de formar laços de confiança e amor. Ainda segundo Elizabeth, os bebés são capazes de captar a angústia da mãe e ficarem mais irritadiços. Carinho e paciência são fundamentais.

  • Primeira infância (de 3 a 5 anos)

Crianças nesta faixa etária costumam ficam confusas e não entendem direito a situação. Ficam tristes e, às vezes, tendem a achar que a culpa pode ser delas. Não são poucas as que apresentam mudanças de comportamento – algumas ficam mais obedientes, acreditando, assim, que o pai (ou a mãe) voltará; outras reagem de forma mais agressiva e rebelde.

“Há alguns comportamentos típicos de regressão, como voltar a fazer xixi na cama. Noutras circunstâncias, demonstram medo de tudo e passam a ter distúrbio do sono”, informa Cláudia.

Nessa fase é muito importante que os pais deixem claro que o amor pelos filhos é enorme e vai continuar igual. “Devem explicar que serão sempre pais deles, embora não formem mais um casal”, completa Elizabeth, que diz ainda que o medo do abandono é bem incisivo na primeira infância.

  • Idade escolar (de 7 a 9 anos)

As crianças podem sentir-se inseguras ao notarem a mudança na sua rotina diária com os pais. Algumas sofrem dificuldades em adaptar-se ao processo de ficar na casa da mãe alguns dias da semana e na do pai, noutros.

É comum ficarem confusas quando pensam em como serão as datas especiais – aniversário, Natal, Ano-Novo – dali em diante e terem uma queda no seu rendimento escolar. Por isso, é bom dar tempo ao tempo e não acelerar as coisas. Com a adaptação, elas ficam mais seguras e há hipótese de tudo correr bem novamente.

Detalhe importante: que os pais mantenham os acordos sobre regras e horários a serem cumpridos nas duas casas, para o bem do filho. “O ex-casal precisa garantir que vai estar sempre presente na vida da criança e procurar tratar-se sempre com respeito. Conservar a amizade, se possível, faz um bem enorme aos filhos”, orienta Elizabeth.

  • Pré-adolescência (entre 9 e 12 anos)

É uma fase de transição, segundo Ana Paula Magosso Cavaggioni, psicóloga da Clia Psicologia e Educação, na capital paulista. De acordo com ela, neste período a criança oscila entre uma postura infantil e outra mais madura.

O enfrentamento começa a tornar-se mais perceptível, como forma de garantir a formação da sua personalidade, então é comum haver conflitos, birras, agressividade.

“Os pais podem ajudar mantendo sempre um canal aberto de comunicação com o filho, deixando claras as regras”, avisa Ana Paula.

Algumas crianças alimentam fantasias de reconciliar os pais, por isso é importante esclarecer tudo e não dar esperança para evitar sofrimentos desnecessários. Outras podem somatizar a questão através de dores de cabeça, estômago, barriga etc.

  • Adolescência (a partir dos 12 anos)

“Embora mais conscientes sobre o que se passa em casa, os adolescentes podem sentir falta dos pais na formação da identidade, apresentar dificuldade em aceitar a situação imposta, questionar a autoridade e, como consequência, apresentar uma rebeldia excessiva, dificuldade em aceitar regras e limites, problemas de aprendizagem e baixo rendimento escolar”, lista Cláudia.

É fundamental que os pais demonstrem o seu amor e tenham bastante (mesmo!) paciência, pois o filho, muitas vezes por raiva, vai evitar ir à casa daquele que não ficou com a guarda, alegando que não tem culpa pela situação. Firmeza, afecto e compreensão são peças-chave para atravessar esse momento difícil.

Fonte: Disney babble