Cesariana – O que precisa saber

O que é uma cesariana?

Cesariana é uma cirurgia em que o obstetra realiza uma incisão no abdómen e no útero da mulher para retirar o bebé através desse espaço.

Em Portugal, cerca de 33 por cento dos partos realizados são cesarianas.

Cesarianas são consideradas operações abdominais de grande porte, daí gerarem mais riscos do que o parto vaginal. Mulheres que passam por cesarianas são mais susceptíveis a infecções, sangramentos excessivos, dores pós-parto e período de recuperação mais longo.

Outro senão é que elas aumentam o risco futuro, em caso de novas gestações, de complicações como placenta prévia. Apesar disso, nem toda cesariana deve ser evitada, já que muitas vezes ela é necessária pelo bem da mãe, do bebé ou de ambos.

Quando a cesariana é necessária?

Algumas mulheres já sabem que vão precisar de uma cesariana logo desde cedo, por apresentar alguma complicação (com a gravidez ou com o bebé). O recomendado, se possível, é aguardar até às 39 semanas de gestação. Em outros casos, a decisão pode ocorrer somente durante o trabalho de parto.

Veja abaixo algumas condições em que uma cesariana costuma ser previamente programada:

  • O bebé está em posição sentada ou de lado; ele apresenta alguma doença ou anormalidade já conhecida.
  • Gestação de três ou mais bebés ao mesmo tempo.
  • A mãe está com uma erupção de herpes genital, infecção que pode ser transmitida ao bebé em caso de parto vaginal.
  • A mãe tem placenta prévia (que ocorre quando a placenta se implanta num local tão baixo do útero que bloqueia a saída do bebé) ou descolamento prematura da placenta (a placenta separa-se da parede uterina antes da hora, colocando o feto em risco).
  • A mãe tem piora em um estado de pré-eclâmpsia, o que torna arriscado esperar por um parto normal.
  • Histórico materno de cirurgias uterinas invasivas ou de cesarianas anteriores (mais de uma).
  • Problemas de coluna ou de quadril que impossibilitem a mulher de ficar em posição ginecológica.

Vários motivos levam a uma cesariana de última hora, decidida depois que o trabalho de parto já começou. Sempre que há uma situação crítica, a cesariana é o modo mais rápido de tirar o bebé a salvo, como nas seguintes hipóteses:

  • A frequência cardíaca do bebé está irregular, o que indica que ele talvez não consiga passar por um parto vaginal.
  • Prolapso do cordão umbilical — o cordão aparece antes do bebé, o que o deixa vulnerável a ser comprimido durante o parto, levando a um possível corte de sua fonte de oxigénio.
  • A placenta deslocou-se.
  • O bebé não está a movimentar-se pelo canal do parto porque o colo do útero parou de dilatar ou por alguma outra razão.

Quais são os preparativos para uma cesariana?

Geralmente, quando a cesariana já está marcada, os médicos recomendam que não se coma nada cinco horas antes do parto. É bom confirmar isso com o obstetra com antecedência e perguntar também sobre beber água ou outros líquidos.
Uma vez no hospital, sua roupa é trocada por um avental hospitalar, e os pelos da região onde é feito o corte da cesariana são raspados. Você tem que tirar anéis, brincos, pulseiras e até piercings (de qualquer parte do corpo). Você não pode estar excessivamente maquiada e nem com esmalte escuro na mão, para que a sua pele possa ser monitorizada durante a operação.

Outra coisa que tem que tirar é lentes de contacto e óculos. No caso dos óculos, peça para o seu parceiro ou acompanhante segurá-los, assim você pode colocar de volta depois para ver o bebé.

Lembrando que é direito da grávida ter um acompanhante na hora do parto, a menos que exista alguma emergência médica que impeça a presença de uma pessoa indicada (homem ou mulher).

Como é uma cesariana?

Na maioria das cesarianas é realizada uma anestesia peridunal ou raquidiana, ou ainda uma combinada, para que a mãe possa permanecer acordada e acompanhar a chegada do bebé.

Além da anestesia, são colocados uma sonda para urina e soro intravenoso (para administração de soro ou remédios, se necessário). A frequência cardíaca da mãe é acompanhada por um monitor, e a área abaixo dos seios é isolada por um protetor durante a cirurgia.

Uma vez que a anestesia esteja pronta, o obstetra faz um pequeno corte horizontal na pele acima do osso púbico da mãe, um pouquinho embaixo da “linha do biquíni”, e, em seguida, um outro na parte inferior do útero. Várias camadas de tecido e músculo são abertas e/ou afastadas para se chegar até o útero. O corte no útero mesmo geralmente é bem pequeno.

O bebé é então retirado. Tudo isso em poucos minutos. Você pode se surpreender com o estica-e-puxa para tirar o bebé — não dói, mas é uma sensação no mínimo diferente. E não é incomum o anestesista ou algum enfermeiro ajudarem empurrando o bebé por cima da barriga. Não se assuste.
Um pediatra vai rapidamente avaliar o recém-nascido, que será então mostrado a você. Se estiver tudo bem, o pai pode segurar a criança enquanto a placenta também é retirada e os pontos são dados em cada uma das camadas de pele, o que leva cerca de 30 minutos (demora mais tempo para fechar do que abrir para a cirurgia).

Pulseiras de identificação serão colocadas no bebé ainda na sala de parto, e você e o seu parceiro poderão conferi-las.

O que acontece depois da cesariana?

Quando a cesariana termina, a mãe é transferida para uma sala de recuperação, enquanto o bebé vai para o berçário, onde será identificado e colocado numa incubadora ou berço aquecido por algumas horas.

Muitas mulheres sentem muito frio nessa hora devido à queda de temperatura do corpo durante a operação. Isso porque a anestesia afecta a capacidade do organismo de regular a temperatura, e também porque as salas de operação são mantidas mais frias. Os tremores podem deixá-la nervosa, mas tente se lembrar que não é nada fora do normal e que passa em cerca de meia hora.

Depois, uma enfermeira trará o seu filho até você e a ajudará a amamentar. Às vezes é mais confortável ficar deitada de lado e colocá-lo assim também, cara a cara com você.

Após uma cesariana, costuma levar algum tempo para as mulheres encontrarem posições confortáveis para a amamentação, mas vale a pena insistir, já que só tende a melhorar.

E se eu não quiser submeter-me a uma cesariana?

O importante, antes de tomar a decisão, é conhecer bem os dois tipos de parto, para saber o que acontece em cada um (na cesariana e no parto vaginal), e conversar bastante com várias pessoas sobre o assunto.

Se a sua maior preocupação é a dor, saiba que é difícil escapar totalmente dela, em um ou outro caso, antes ou depois do parto. Você também pode trocar ideias com as suas amigas e ler histórias de parto para sentir como as coisas acontecem na vida real.

Há algumas maneiras de tentar reduzir as hipóteses de você ter que passar por uma cesariana:

  • Descubra qual a linha de conduta do seu obstetra e, se achar que ele é “cesarianista” demais, procure outro assim que puder. De preferência, essa conversa deve acontecer antes mesmo da gravidez.
  • Mantenha-se saudável durante a gestação, comendo bem, praticando exercícios e descansando bastante, para quando o trabalho de parto começar, você estar nas melhores condições possíveis.
  • Descubra qual é percentagem de cesarianas na sua região; se tiver como escolher o hospital ou maternidade em que terá o bebé, compare essa percentagem em cada um deles.
  • Considere o acompanhamento da gravidez e do parto por uma obstetriz, já que pesquisas indicam que a participação delas está ligada a uma incidência menor de cesarianas. Os planos de saúde estão a começar a cobrir o trabalho desses profissionais. Informe-se a respeito.
  • Deixe claro para o seu obstetra que gostaria de tentar o parto vaginal.
  • Durante o trabalho de parto, fique em uma posição ereta pelo maior tempo possível. Andar e permanecer de pé ajudam a acelerar o processo, fazendo com que as contracções sejam mais fortes, longas e eficazes. Mesmo a posição sentada é melhor do que a deitada para diminuir significativamente o tempo de trabalho de parto.
  • Exercite a sua paciência. “Para ter parto normal é preciso ter paciência, tanto para esperar entrar em trabalho de parto, como para o trabalho de parto em si.

A cesariana tem riscos?

Os médicos dizem que toda cirurgia tem riscos, e a cesariana é uma cirurgia. Há risco maior de infecção pós-parto, por exemplo, ou de problemas na cicatrização (como a formação de hérnias ou quelóides), e até de acidentes cirúrgicos. Por outro lado, trata-se de um procedimento rotineiro e relativamente simples, que na maioria das vezes transcorre sem problemas.

Mulheres que tenham uma camada mais espessa de gordura na barriga (que já eram obesas antes da gravidez) podem enfrentar mais dificuldade na cicatrização do corte. E como geralmente a idade gestacional não pode ser calculada com precisão absoluta, porque a mulher nunca sabe exatamente quando ovulou, existe um pequeno risco de o bebé nascer antes do tempo se a cesariana é marcada com antecedência — o que pode causar problemas respiratórios devido à imaturidade dos pulmões.

Alguns especialistas acreditam também que a acção dos hormónios envolvidos no trabalho de parto evite dificuldades respiratórias no bebé.

Meu primeiro filho nasceu de cesariana. Posso ter o próximo de parto normal?

Ter tido uma cesariana não quer mais dizer necessariamente ter outras no futuro. Na realidade, cerca de 70 por cento das mulheres que tentam o parto vaginal depois de uma cesariana  são bem-sucedidas.

As incisões horizontais das cesarianas actuais ajudaram enormemente a reduzir o risco de futuras rupturas de útero, a grande preocupação dos médicos no caso de parto normal pós-cesariana. Antigamente, o corte era feito na vertical, o que favorecia essa complicação.

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