Adeus à cama de grades!

Para nós pode não parecer mas a mudança da cama de grades para uma cama normal, para um bebé é muito grande, por isso, deve ser realizada no momento certo e de forma adequada.

Encontrar o momento apropriado é a primeira questão a resolver. Os pediatras estão de acordo em que o importante não é dar atenção ao calendário mas sim à maturidade física e psíquica da criança. “Não há uma idade exacta para passar da caminha de grades à cama; tudo depende do nível de desenvolvimento psicomotor, do tamanho do corpo e, sobretudo, da personalidade da criança e dos pais”

“Se a linha dos mamilos quando o bebé fica de pé está abaixo da linha da grade, não existe risco de sair e sofrer alguma queda. Mas, se o berço estiver com o estrado totalmente rebaixado, sem protetores laterais ou brinquedos dentro, e, mesmo assim, ele trepar e tentar sair, é hora da troca”.

Para facilitar essa mudança, sem stress ou trauma para o seu filho, deixamos aqui quatro dicas. Veja!

1-Prepare o seu filho

Se o espaço o permitir, o ideal é que a caminha de grades e a cama nova coexistam durante um tempo. Assim, quando chegar a hora de dormir nela, a criança já teve tempo de se habituar. Além disso, tem a oportunidade de ser ela a decidir quando dar o passo seguinte. Até podemos ir mais além e não ceder logo quando ela quiser mudar, dando-lhe tempo para ganhar convicção nesse desejo.

Se é necessário que a cama de grades saia do quarto para entrar a nova, devemos preparar a criança com antecedência, falando com ela e pedindo-lhe que nos acompanhe na escolha do novo mobiliário. E nessa altura é importante que:

– Lhe assinalemos as vantagens da nova cama: “Olha, podes subir e descer sozinho”.

– Destaquemos esta mudança como uma conquista de crescimento: “Agora que cresceste tanto que vais dormir numa cama, podes escolher…” (um pijama novo, o boneco que dormirá com ele ou o edredão).

– Evitemos as imposições: “Já és grande e tens que dormir numa cama”. E não o envergonhemos por ter apego à caminha de grades: “Ali só dormem os bebés”.

– Não tenhamos pressa. Pelo contrário, convém dar-lhe tempo para que goste da ideia, de forma a que seja um projecto mais seu do que nosso.

E se esta mudança é uma conquista do crescimento, festejemo-la! Celebrar os acontecimentos é sempre uma boa ideia, porque se ressalta a parte feliz do que está a acontecer e se marca o início de um novo ciclo, o que dificulta o regresso ao passado.

2-Tome precauções de segurança

Com a mudança para a cama, as crianças terão mais autonomia e liberdade e, portanto, poderão ter acesso a locais que ficavam indisponíveis quando dormiam no berço. Todo cuidado é pouco na adaptação do quarto e da casa como um todo. As janelas devem ter protecção, porque elas poderão subir com facilidade nos móveis. Fios e aparelhos eléctricos devem estar fora do seu alcance. Gavetas baixas não podem conter itens de risco como facas, medicamentos e objectos de vidro. É importante também evitar camas muito altas, como os beliches. Os Beliches são perigosos, tem o risco de trepar, de cair do alto. A cama-gaveta é interessante porque a criança pode trazer os amigos para dormir quando estiver maior e nesta fase de adaptação pode escolher dormir na cama de cima ou de baixo. Se optar pela de cima pode deixar a de baixo aberta para o caso de cair, cairá na cama de baixo. Seja qual for o modelo escolhido, é fundamental o uso de grades de protecção.

3-Não voltar atrás

Um erro muito comum é mudar a criança para a cama e, ao primeiro sinal de dificuldade na adaptação, desistir. “Não existe voltar atrás neste tipo de conduta. A criança logo logo estará acostumada ao seu novo quarto. Podemos fazer companhia até ela dormir nos primeiros dias. Mas, sempre no quarto e na cama dela, sem retirá-la de lá”, aconselha o pediatra Marcelo.

De qualquer forma, é importante saber que a criança pode ter dificuldades. “Diante de eventuais recaídas, os pais devem oferecer atenção e compreensão. Esses momentos são a expressão dos medos e das inseguranças que acompanham as mudanças mesmo na idade adulta. Ajudar o filho a enfrentá-los e a seguir é uma forma gradativa de instrumentá-lo para as muitas transições que o acompanharão sempre”, explica a psicóloga Denise. Por isso, colocar a cama ao lado do berço e esperar a vontade da criança mudar não é uma boa ideia. “Passa a imagem de que a criança não precisa se decidir, que pode ter as duas coisas ao mesmo tempo. Gera mais dúvidas e incertezas”, ressalta a psicóloga Cynthia.

4-Evitar levar para a cama dos pais

“Os pais devem insistir para que a criança fique no quarto dela. Trazê-la para o dos pais só vai acostumá-la a dormir com eles, e não resolver o problema”, afirma Ana, do Serviço de Psicologia do Einstein. “O importante nessa hora é ter muita paciência, ir levando a criança de volta com tranquilidade, esperar que ela durma novamente e se retirar do quarto dela quantas vezes forem necessárias. Em poucos dias, essa frequência de acordar e procurar os pais vai diminuindo e ela passará a dormir confortavelmente no seu próprio quarto”, garante. Toda a paciência será recompensada. No final do processo, o seu filho terá conquistado mais uma etapa do desenvolvimento. Podem comemorar!